Isolamento social aumenta risco de morte entre idosos

Pouco mais de 14% da população do Brasil, cerca de 26 milhões de pessoas, é formada por idosos. Esse número cresceu 50% na última década, segundo dados.
Solidão aumenta o risco de doenças coronarianas e as chances do idoso ter um acidente vascular cerebral

Pouco mais de 14% da população do Brasil, cerca de 26 milhões de pessoas, é formada por idosos. Esse número cresceu 50% na última década, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e deve aumentar ainda mais até 2027, quando cerca de 38 milhões de brasileiros devem atingir a terceira idade. Atualmente, 35% dos idosos brasileiros vivem sozinhos, aumentando os riscos à saúde.

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, concluiu que o isolamento social de idosos acima de 60 anos eleva o risco de morte em até 14%. Já os estudiosos da Universidade Brigham Young, também nos EUA, afirmaram que a solidão na terceira idade é tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólatra.

Enquanto isso, os pesquisadores da Universidade de York, no Canadá, revisaram 23 artigos científicos, chegando à conclusão de que o isolamento de idosos aumenta em 29% o risco de desenvolvimento de doenças coronarianas e em 32% a chance de uma pessoa ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Nestas últimas décadas, surgiram gerações de pais sem filhos presentes, por conta de uma mudança cultural. Conforme esses pais envelhecem, eles se tornam um fardo. Para resolver isso, há que se ter uma educação para o envelhecimento, para as novas gerações mudarem essa percepção”, explicou a psicoterapeuta Ana Fraiman, que chama o fenômeno de “geração de pais órfãos de filhos”.

De acordo com a promotora de Justiça Cristiane Branquinho Lucas, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o abandono moral ou material de idosos é crime, podendo variar de multa a detenção de até três anos. A infração pode ser configurada desde a falta de visita ao idoso, até a ausência de pagamentos da instituição onde as pessoas mais velhas se encontram.

“Mas é preciso dizer que, em vários casos, o abandono acontece porque o familiar, muitas vezes também idoso, não tem condições financeiras ou de saúde. Há, então, uma violência institucional, que se reflete no abandono pelo Poder Público, que não estabelece políticas que permitam que o familiar cuide desta pessoa idosa. Existe, por exemplo, uma enorme carência de instituições de longa permanência públicas e boas”, afirmou a promotora.

Contramedida

No Rio de Janeiro, o programa Agente Experiente, criado em 2004, tenta diminuir esse problema, contando com o apoio de idosos voluntários que visitam pessoas com mais de 60 anos e vivem sozinhas para algo simples: conversar.

É o caso de Antônio Corrêa, de 82 anos, que é um agente da iniciativa desde os 73 anos e visita, aproximadamente, oito idosos por semana. Com o objetivo de ajudar ainda mais pessoas do que consegue atualmente, Corrêa acabou de encadernar uma cartilha que pretende, no futuro, distribuir gratuitamente, com dicas de alimentação e exercícios para retardar e prevenir algumas doenças relacionadas à idade avançada, como é o caso do Mal de Alzheimer.

“Às vezes, em meio a um jogo para estimular a memória, a Maria [idosa visitada] começa a chorar, dizendo que gostaria de sair mais. Minha visão de vida mudou completamente desde que eu comecei a fazer essas visitas domiciliares. Eu acabo ganhando muito mais do que consigo dar”, destacou Corrêa.

Fonte: http://portalamigodoidoso.com.br

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