Idosos solitários estão mais sujeitos a doenças

Estudo mostra que idosos que moram sozinhas têm, em geral, pior estado de saúde e acaba desenvolvendo dificuldade de isolamento.

Wanda Domingos, de 83 anos, mora sozinha desde 2014, quando ficou viúva. Sua única companhia é um papagaio. Foi uma opção: os três filhos ofereceram abrigo, mas ela prefere dividir seu tempo entre um projeto como costureira voluntária e aulas de ginástica oferecidas numa praça da Tijuca pela drogaria Venâncio.

— Faço as compras, limpo a casa, passeio com minhas amigas. À noite nós trocamos mensagens no WhatsApp para ver se está todo mundo bem. Enquanto tiver saúde, quero morar sozinha — ressalta.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), no entanto, assinala que muitos idosos têm dificuldades com o isolamento. A pesquisa, realizada com cerca de 11 mil pessoas de 60 anos ou mais, mostrou que pessoas da terceira idade que moram sozinhas têm, em geral, pior estado de saúde e hábitos relacionados, como o sedentarismo.

— Os idosos que vivem sós apresentam mais dificuldades para atividades cotidianas, como cuidar do próprio dinheiro, ir ao mercado e usar meios de transporte — conta Etienne Duim, doutoranda em Epidemiologia pela USP e coautora do estudo. — Quando enfrentam problemas de audição ou para atravessar a rua, por exemplo, acabam buscando a reclusão e, com isso, ficam mais sedentários.

Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade, destaca a mudança do perfil das famílias — eram maiores, por isso um dos filhos sempre abrigava os pais. As casas eram mais espaçosas. Agora, a classe média mora em pequenos apartamentos.

— Vivemos uma epidemia da solidão, o que pode deixar a pessoa deprimida — alerta. — Falta quem faça uma comida saudável ao idoso, quem o lembre de tomar seus remédios. A atual situação é uma porta de entrada para doenças.

Como a expectativa de vida tem aumentado — já chega a 79 anos entre as mulheres, e a 72 entre os homens —, os especialistas preocupam-se como os idosos serão atendidos por políticas públicas.

— A pobreza está aumentando, os gastos de saúde do governo federal estão congelados — diz Kalache.

No estudo, Etienne defende que novos serviços sociais sejam adotados para substituir a falta de apoio domiciliar para os idosos solitários:

— Diferentes setores devem se unir e elaborar planos com metas concretas que promovam melhores condições de envelhecimento.

Práticas do dia a dia também podem ajudar a vencer o desafio da saúde e da qualidade de vida na velhice solitária.

Fonte: https://extra.globo.com

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