O desafio de ser um cuidador e ter uma carreira

Sua pesquisa dedica-se a esmiuçar os desafios que envolvem a vida dos cuidadores que tentam conciliar sua carreira com os cuidados com um ente querido.

Matthew A. Andersson é professor de sociologia na Universidade de Baylor, que fica no Texas (EUA), e um estudioso da desigualdade na saúde. Sua mais recente pesquisa dedica-se a esmiuçar os desafios que envolvem a vida dos cuidadores familiares que tentam conciliar sua carreira profissional com os cuidados com um ente querido. E isso não é nada fácil.

Muitos se identificarão com algumas das dificuldades: reuniões que têm que ser desmarcadas porque sua mãe ou seu pai não se sente bem; horas fora do escritório para acompanhar alguém numa consulta médica; o sentimento de exaustão pela jornada tripla que soma compromissos profissionais, demandas familiares e cuidados com o idoso. Embora seja cada vez mais comum, esse tipo de situação é ignorado pelas empresas. Pior: a falta de apoio e empatia pode levar o cuidador a perder o emprego ou decidir abandoná-lo por não conseguir dar conta de tudo.

O professor Andersson analisa que esta é uma das consequências do envelhecimento da população: “esses cuidadores geralmente estão na meia-idade. Muitos têm filhos que ainda são dependentes e sua renda é importante para manter o padrão de vida da família. O que é mais preocupante é a constatação da falta de apoio no ambiente de trabalho, o que torna a ocupação mais dura”.

De acordo com a pesquisa, três quartos desses cuidadores informais – chamados assim porque não são pagos – avaliaram que essa responsabilidade interferia pelo menos de forma moderada em seu trabalho. Mais de 40% dedicavam no mínimo dez horas aos cuidados com o idoso e, para mais da metade, as interrupções poderiam ser consideradas severas, como ter que pedir uma licença. Os mais afetados eram os que zelavam por pessoas com limitações cognitivas.

O grupo pesquisado era composto por 642 participantes que cuidavam de indivíduos acima dos 65 anos e, em 60% dos casos, todos moravam juntos. Cerca de 70% dos idosos sofriam de doenças crônicas e 80% apresentavam limitações físicas para andar, comer ou fazer a própria higiene. O trabalho foi publicado no “Journal of Aging and Health”. O professor concluiu afirmando que a conscientização do empregador é fundamental para reter essa mão de obra, já que, nos Estados Unidos, um em cada quatro adultos empregados toma conta de um idoso da família. “As empresas têm que se envolver e oferecer suporte, porque os cuidadores muitas vezes não pedem ajuda. Estudos anteriores já mostraram que cuidadores de idosos sofrem com estresse, problemas financeiros e de saúde”, finalizou.

Fonte: https://g1.globo.com

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