Grupo de São Carlos (SP) criou a chamada ‘Capoterapia’ para terceira idade.
Dia da Capoeira é comemorado nesta segunda e homenageia arte africana.
Um grupo de idosos de São Carlos (SP) passou a utilizar a capoeira como terapia. A capoterapia, nome dado à atividade pelos participantes, já fez com que muitos dos alunos conseguissem superar a depressão e problemas de saúde apenas com o exercício. Comemorado nesta segunda-feira (3) o Dia da Capoeira homenageia a arte trazida para o Brasil pelos escravos e que, aos poucos, se tornou parte de cultura do país.
Cada vez mais pessoas descobrem que para praticar a capoeira não importa a idade. Em uma roda de capoeira em São Carlos, os idosos encontraram um novo estímulo para aproveitar a vida. Todos têm mais de 60 anos e escolheram entrar no ritmo. Os idealizadores da iniciativa adaptaram o esporte para a terceira idade. As aulas de capoterapia buscam fazer exatamente o que o nome revela: terapia por meio da capoeira.
“A capoeira significa mato ralo. Na época, os escravos, quando saíam para treinar, faziam no mato ralo e se tornou o nome capoeira. A capoterapia é todo o movimento da capoeira. Foram tirado alguns movimentos e adaptado para essa idade. Tudo mais suave”, explicou o capoeirista Antonio Zacarias da Silva, conhecido como Mestre Taroba.
Terceira idade
O esporte mudou a vida desses vovôs e vovós. “Os pés estavam querendo parar, o joelho muito dolorido, o quadril não mexia mais, pensei ‘espera aí, ainda tem muito pela frente’, então a capoterapia para mim foi um excelente remédio”, falou a dona de casa Marlene Perez.
A mistura de dança e luta traz a combinação perfeita entre música e esporte, símbolo da cultura brasileira. “Adoro ver, assistir e também lutar junto”, garantiu a aposentada Josefina Bertacini.
Aos 84 anos, a aposentada Edite superou a depressão com a atividade. “Me sinto muito bem, já faço há oito anos. Melhorou muita coisa na minha vida. Tenho problema de saúde, mas estou muito bem e sinto falta quando não consigo fazer. Eu era muito tímida, também me soltei um pouco. Gosto de cantar, bater palma, fazer a ginga, jogar, gosto de tudo. Venci a depressão. Agora é só alegria, não pode faltar. Pode chover, fazer sol, frio, que estou aqui”, afirmou.
Lúcia Giacomini também adorou entrar na roda. “Dessa eu não saio mais. Posso entrar em outras, mas dessa eu não saio mais”, garantiu.
Cultura
“Eu adoro a capoeira, principalmente a regional e a angola, por conta de ser esse esporte contagiante, ter essa alegria toda que tem a nossa cultura. Faz tempo que eu pratico e espero praticar para o resto da vida”, disse a professora de Educação Física, Vanessa de Oliveira.
A capoeira surgiu no Brasil no tempo da escravidão. Os negros adaptaram as danças africanas a um tipo de arte marcial como forma de se defender dos senhores de engenho. Na atividade, os instrumentos musicais fazem toda a diferença. “A importância do berimbau é determinar o jogo, a entrada, a saída, o ritmo. Ele é o mestre da capoeira, ele que fundamenta tudo. O atabaque é um instrumento usado para makulele, samba de roda, e dar harmonia na roda de capoeira também. O pandeiro é o que dá o ritmo e entra com harmônica da capoeira. Agogô é um instrumento muito usado na capoeira angola e faz a marcação do jogo, do toque”, explicou o instrutor Sidney Bosometto.