Recursos sociais e económicos nas pessoas muito idosas: diferenças de género

Pesquisa portuguesa revela que as mulheres, em relação aos homens, têm piores classificações nas áreas funcionais estudadas predominando níveis de literacia

Pesquisa portuguesa revela que as mulheres, em relação aos homens, têm piores classificações nas áreas funcionais estudadas, predominando níveis de literacia inferiores, estado civil de viuvez, e recursos económicos mais baixos.

Rogério Rodrigues, Isabel Mendes, Cristiana Silva e Sandrina Crespo(*)

No presente artigo quando nos referimos ao conceito de género não nos reportamos ao sexo como identidade biológica mas, sim,  aos  significados culturais atribuídos a essas diferenças biológicas.   Nesse âmbito, o processo de envelhecimento é diferenciado entre homens e mulheres, pela sua condição biológica, em primeiro lugar e, em segundo lugar, pelos fatores socioeconómicos, culturais e ambientais. Em consequência, os estudos demográficos evidenciam a maior e crescente proporção de mulheres no total da população idosa. Este fenómeno tem a sua expressão máxima entre o grupo etário das pessoas muito idosas, sendo mencionado como um processo de feminização do envelhecimento. Nesse sentido, importa uma leitura atenta desta transformação demográfica em que o enfoque nas diferenças de género é particularmente relevante para compreender as diferenças entre mulheres muito idosas e homens muito idosos, e dessa forma, permitir a equidade face às suas necessidades específicas.

Nesse contexto, os aspectos socioeconómicos (recursos sociais e económicos) têm implicações indiretas na saúde física e mental da pessoa idosa, pelo que o seu estudo deverá ter em conta estas componentes. Dessa forma, quanto aos recursos económicos, importa sublinhar que são, sobretudo, as mulheres que apresentam maior vulnerabilidade, resultante de carreiras contributivas curtas ou mesmo ausentes, pese embora a existência, em muitas situações, de percursos laborais mencionados pelas próprias

A pesquisa contemplou 1153 indivíduos, sendo 36,6% homens e 63,4% mulheres, distribuídos por dois grupos etários. A análise estatística mostrou-se significativa, face à amostra apresentada, em relação ao sexo, para os grupos etários e para o total da amostra e entre grupos etários. Observou-se que a rede social de apoio à pessoa idosa tende a variar em número e composição ao longo do tempo. O agregado familiar, em particular, representa um cenário importante para o desenvolvimento das relações sociais e para o papel social de todos os envolvidos e, em especial, para as pessoas muito idosas; a sua composição tem uma forte associação com o estado de saúde física e mental, uma vez que esta variável, entre outras, tem um fator protetor na sobrevivência da pessoa e na utilização de serviços de saúde e sociais.

Os resultados do estudo estão marcadamente evidenciados de forma negativa para a população idosa feminina que se apresenta com recursos económicos mais baixos, resultantes na sua maioria da viuvez e consequente diminuição do rendimento disponível. Este estudo, apesar de ter como limitação a não generalização dos dados para outras áreas/zonas do país, sublinha a necessidade de futuras investigações a realizar noutros contextos e realidades em outras áreas/zonas de Portugal.

Fonte: http://www.portaldoenvelhecimento.com.br

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