Quanto maior a gravidade da doença, menor a diferença entre eles e elas em seu empenho para trazer conforto ao cônjuge
Um estudo divulgado em agosto, reunindo pesquisadores das universidades de Oxford e da Pennsylvania, sugere uma mudança do comportamento masculino: na velhice, os homens também vêm assumindo o papel de cuidadores quando suas esposas adoecem. A pesquisa, intitulada “Gender differences in spousal caregivers’ care and housework: fact or fiction?” (em tradução livre, “Diferenças de gênero nos cuidados com cônjuges e da casa: fato ou ficção?”), foi publicada no “Journals of Gerontology, Series B” e contrasta com levantamentos anteriores que apontavam a quase exclusividade da mulher no papel de cuidadora de pais, maridos e outros familiares. Embora ainda estejamos longe de responsabilidades iguais para ambos os sexos, esse pode ser um bom sinal dos tempos.
Utilizando dados do Painel de Estudos Socioeconômicos da Alemanha, os pesquisadores concentraram sua análise em 538 casais com idade média de 69 anos. Em todos os casos, um dos cônjuges havia desenvolvido uma doença entre 2001 e 2015. Os homens tinham aumentado o número de horas dedicadas a suas esposas na mesma proporção que as mulheres em relação a seus maridos. Isso incluía tanto atender a demandas físicas, como auxiliar na alimentação ou no banho, como realizar tarefas domésticas.
Quanto maior a gravidade da doença, menor a diferença entre eles e elas em seu empenho para trazer conforto ao cônjuge. De acordo com o estudo, é justamente quando os homens se esforçam mais. Quando o caso não é tão grave, a tendência é se manter o padrão de maior dedicação feminina – até porque esse ainda é o papel desempenhado pela maioria das mulheres. Segundo a pesquisadora Laura Langner, do departamento de sociologia de Oxford e especializada em dinâmica familiar, o estudo mostra que, ao contrário do que se pensava, não há diferenças de gênero significativas quando se trata casais idosos: “maridos mais velhos cuidam tanto de suas esposas quando as mulheres, e um dos motivos pode ser a aposentadoria, que os deixa com mais tempo livre. No entanto, o contraste permanece entre os mais jovens, quando a questão é cuidar das crianças e dos afazeres domésticos”. A proposta é agora replicar a pesquisa em outros países e checar se a tendência se comprova.
Fonte: https://g1.globo.com