Em 1970, um terço da população brasileira era analfabeta. Uma década depois, o contingente foi reduzido para um quarto. A tendência de queda se confirmou nos censos de 1991, quando 20% não sabiam ler nem escrever, 2000 (13,6%) e 2010 (9,6%). Nesta década, porém, o ritmo perdeu força.
De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua da Educação 2018, divulgada nesta quarta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil ainda tinha 11,3 milhões de analfabetos absolutos com 15 anos ou mais em 2018, o que representa 6,8% dos habitantes desta faixa etária. Portanto, a redução foi de menos de 3 pontos percentuais em oito anos.
Especialistas em educação apontam que, se seguir nesse ritmo, o País ficará longe da meta de erradicar o analfabetismo até 2024. Para conseguir atingir a totalidade, o governo não poderá se esquivar de criar estratégias para incluir os idosos nas políticas de alfabetização. No grupo populacional de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo chega a 18,6% — o equivalente a 6 milhões de pessoas.
Ana Lúcia Lima, coordenadora do Inaf (Indicador de Analfabetismo Funcional) e da consultoria Conhecimento Social, avalia que uma redução mais acentuada dependeria de políticas públicas específicas para a alfabetização de adultos — que não têm sido “nem quantitativamente expressivas e nem qualitativamente eficazes”. É preciso investir na educação básica para as crianças, mas também retomar o foco na alfabetização de adultos.
Os idosos são os mais suscetíveis a golpes aplicados por estelionatários. São frequentes as notícias de golpes aplicados contra pessoas mais velhas. Mais grave quando as fraudes ocorrem dentro da própria casa, seja no desvio da aposentadoria ou na contratação de empréstimos, situações em que familiares se aproveitam da “pouca leitura” das vítimas.
Uma iniciativa relevante foi tomada pela Secretaria de Educação de Londrina. Com cerca de apenas 900 alunos no EJA (Ensino de Jovens e Adultos), a pasta lançou mão de um questionário entregue nas escolas e creches do município para localizar pessoas não alfabetizadas nas famílias dos alunos. Incentivar o idoso a iniciar ou retomar os estudos faz parte de uma série de medidas que deve começar dentro de casa e ter o respaldo do poder público. Além do acesso à saúde, lazer e acessibilidade, a educação também deve ser assegurada e incentivada para os indivíduos da terceira idade.