Passatempos são alternativa para despertar o foco e a agilidade

Mesmo com a correria do dia a dia, muitas pessoas não abrem mão de um tempo para pegar o jornal, para resolver palavras cruzadas ou completar o sudoku.

Mesmo com a correria do dia a dia, muitas pessoas não abrem mão de um tempo para pegar o jornal – ou a revista especializada – para resolver palavras cruzadas ou completar o sudoku (jogo de números). Segundo médicos na área de neurologia, é uma maneira de manter o cérebro ativo, e de forma divertida. Os jogos de passatempo são uma boa maneira de fortalecer a memória e aumentar a sua reserva cognitiva.

“Essa é a capacidade do cérebro de se adaptar a danos cerebrais. Quanto maior a densidade neuronal, mais chance a pessoa tem de estar protegida”, explica o neurologista Renan Vallier. Segundo ele, praticar essas atividades não previnem doenças como o Alzheimer, por exemplo, mas elas têm capacidade de adiar os impactos do mal no cérebro do paciente, afetando sua qualidade de vida apenas quando o problema estiver em estágio intermediário ou avançado. A dica é praticar, de preferência, todos os dias.

Quem mergulha nesta rotina  diariamente é a professora de Matemática aposentada Georgina Sanches de Arruda, 69, que optou por resolver o sudoku. “Sou muito curiosa e ansiosa, também. Sempre recorto o sudoku publicado no Correio do Estado para resolver. O passatempo atrai probabilidades, várias possibilidades. Aprendemos a lidar com estratégias, é algo delicioso de fazer”. Segundo Georgina, com o exercício, ela passou a ter mais foco, a combater a ansiedade e aproveita também para ensinar o restante da família. “Eu gosto de ensinar as pessoas a fazerem. Há vários níveis de dificuldade, mas dependendo do estado de espírito no dia, não consigo nem fazer o médio”, conta.

Embora pessoas da terceira idade contribuam para o maior consumo destes passatempos, há jovens que, desde cedo, conhecem o valor que eles têm. A estudante de Engenharia Civil em Campo Grande, Fernanda Sanches, 19 anos, conta que, desde os 10 anos, ajudada pela avó, começou a resolver as propostas  mais fáceis do sudoku. “O jogo tem vários níveis e exige foco. Com o tempo, ele te ajuda a pensar mais rápido e a ter mais concentração. E isso me ajudou bastante na época do vestibular”.

Segundo a neurologista Célia Roesler, integrante da Academia Brasileira de Neurologia, tais atividades realmente são uma verdadeira “ginástica” para o cérebro. Fazer exercícios de raciocínio, pelo menos, uma vez ao dia ajuda na renovação das conexões neuronais. É como se o cérebro fosse um músculo e a “malhação” estimulasse o órgão a criar novas ligações entre os neurônios, aumentando o número de estradas pelas quais as informações podem trafegar dentro do cérebro. “De maneira simplificada, a cada palavra aprendida e descoberta, uma nova ‘gaveta’ de informações é criada no cérebro do indivíduo. E quanto mais esse hábito de passatempos é estimulado, novas células nervosas serão requisitadas e mais sinapses serão feitas. A leitura diária de qualquer coisa, seja uma revista, jornal, um livro, também é um excelente exercício”, destaca a especialista.

Habilidades como atenção e foco também são aprimoradas com os jogos de passatempo. Por isso, fazem bem da infância à terceira idade. “O idoso, depois da aposentadoria, tende a ficar mais tempo ocioso. Costumo recomendar esses jogos para manter os neurônios funcionando”, afirma a neurologista Vanessa Müller. Para deixar o cérebro mais resiliente, é preciso escolher o passatempo mais agradável e de acordo com o seu nível.

Adepta das palavras cruzadas, que ela busca diariamente no Correio do Estado, a farmacêutica Vera Lúcia Teodoro Lopes Palmeira, 62 anos, conta que, ao resolver o passatempo, se distrai ao mesmo tempo que aprende. “O vocabulário da gente aumenta significativamente, sem falar na memória e concentração, que melhoram muito. Antigamente eu tinha mais tempo de me dedicar ao passatempo, mas o trabalho me fez diminuir o ritmo”.

Quem estudou Comunicação na UCDB conhece bem o perfil do porteiro aposentado Cilineu Eugênio de Oliveira, 59 anos, que adorava preencher as palavras cruzadas diárias no jornal. “O pessoal lia as matérias primeiro e eu pedia o exemplar para fazer as palavras cruzadas. Elas trazem conhecimento, coisas que a gente não sabia o significado, descobria ali”. Aposentado há alguns meses, ele só lamenta não conseguir mais  preencher os quadradinhos no papel. “Fui diagnosticado com glaucoma”.

PERSISTÊNCIA

De acordo com Adriano Mussolin, editor da Recreativa, para os dois jogos, a principal orientação é ser persistente. Para ele, quanto mais vezes a pessoa fizer, mais rápido pegará o jeito, além de melhorar o raciocínio. “É um processo dedutivo, a princípio. Como no sudoku não pode repetir o mesmo número em nenhuma linha, o poder de intuição fala mais alto. É preciso fazer rascunhos a lápis antes de colocar o resultado final”, aponta.

As regras básicas do sudoku são: as linhas horizontais e verticais devem ser preenchidas por números de 1 a 9, assim como os blocos. Não há espaço para repetições. Por isso, sudoku é uma abreviação de “suuji wa dokushin ni kagiru”, que se aproxima de “dígitos devem permanecer únicos”, no português. As palavras cruzadas também são um desafio e tanto. Para Adriana Lima, editora da Coquetel, a prática dos passatempos “potencializa a concentração e o raciocínio lógico e energiza as atividades cognitivas”.

Fonte: https://www.correiodoestado.com.br

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