Esse blog volta e meia aborda o papel dos cuidadores de idosos e os desafios dessa atividade tão desgastante. Milhões de pessoas fazem isso sem qualquer tipo de remuneração, conciliando outros compromissos, como trabalho e filhos – e a um preço alto para a saúde. Mesmo os profissionais podem ser vítimas da síndrome de burnout, que traz uma sensação de esgotamento físico e mental acompanhada de sintomas como dores de cabeça, pressão alta ou insônia.
Há aplicativos em português para aliviar um pouco esse trabalho, que controlam a rotina de medicamentos e medições vitais, mas seu foco ainda está basicamente no idoso. No entanto, há um enorme campo não explorado: os apps que visam ao bem-estar do cuidador. Nos EUA, esse segmento prospera, como mostra o site The Gerontechnologist. O Wisdo oferece o apoio de quem já passou por situação semelhante: usando um sistema de mensagens privadas, você pode compartilhar sua história sem se expor e trocar experiências. Há fóruns para solidão, ansiedade e autoestima, entre outros. Embora não seja um aplicativo específico para cuidadores, foi considerado uma das dez startups mais inovadoras pela revista “Fast Company”.
O Carely ajuda familiares a se organizarem em mutirão para dar conta das tarefas. Depois de formar um grupo, as pessoas podem se comunicar por ali e postar no calendário do aplicativo o horário de uma visita, por exemplo – os demais saberão que, naquele período, não têm com o que se preocupar. O TCare (que vem de tailored care, ou seja, cuidado sob medida) é um protocolo que, através do perfil do cuidador, cria uma estratégia para combater o burnout.
A startup LifePod utiliza Alexa, a assistente virtual da Amazon, infelizmente ainda não disponível em português. É bastante útil para quem monitora um idoso que vive sozinho: a rotina do indivíduo fica toda arquivada e, através dos comandos de voz, são feitos alertas sobre a hora de tomar a medicação, uma data comemorativa (o sistema se encarrega de fazer a ligação telefônica para o aniversariante do dia) ou um programa que será exibido na TV. O cuidador recebe avisos quando seu ente querido se queixa de algum desconforto, podendo fazer contato imediatamente.
De acordo com pesquisa de 2015 da organização Family Caregiver Alliance, quase 35 milhões de americanos eram responsáveis por um idoso, sendo que mais de 15 milhões se dedicavam a um portador de demência ou Alzheimer. No Brasil já há os chamados serviços de concièrge para a terceira idade: empresas que mantêm um time de profissionais que vão a domicílio para atividades físicas ou de estimulação cognitiva. Também servem de acompanhantes para consultas médicas, idas ao supermercado ou mesmo ao cinema. O problema é o custo desse tipo de conforto, inviável para a maioria. Temos que apostar na tecnologia para dar conta do desafio.
Fonte: https://g1.globo.com