Dicas & Notícias

A capacidade de aprender nos idosos

A capacidade de aprender está intimamente relacionada com as habilidades para crescer – mental, física, social e emocionalmente e para tomar decisões. A aprendizagem ao longo da vida é um pilar do envelhecimento ativo.

A maioria dos estudos mais recentes sobre pessoas mais velhas ao redor do mundo tratam sobre a atenção de sua saúde e cuidados de longo prazo, mas existem outros aspectos do ambiente que podem contribuir de maneira muito importante para os desafios colocados pelo envelhecimento da população.

Essa é a abordagem proposta no documento da Organização Mundial da Saúde (2015) quando fala da cidade amiga do idoso, em que o aprender é um dos principais domínios de capacidade funcional. Trata-se de uma capacidade fundamental para as pessoas. Os idosos podem fazer as coisas que eles valorizam. Se o processo de envelhecimento saudável tem como objetivo promover e manter a capacidade funcional, então eles devem fazer o que são capazes de fazer, e aprender é uma das vias a serem percorridas.

E foi também o foco de um estudo recente realizado pelo Observatório da Dívida Social da Argentina chamado “A capacidade de aprender em idosos“, dirigido a toda a população interessada no tema do envelhecimento. Foi desenvolvido pelo Barômetro da Dívida Social com o Idoso, da Pontifícia Universidade Católica Argentina,  em parceria com a Fundação Navarro Viola e o Banco Supervielle.

Por que é importante desenvolver as habilidades para aprender? Segundo a OMS (2015), existem evidências empíricas suficientes para sustentar que “ao continuar com o processo de aprendizagem, os idosos podem adquirir conhecimentos e habilidades para controlar sua saúde, acompanhar o processo tecnológico da sociedade, e, por exemplo, por meio de trabalho ou voluntariado, se adaptar ao seu processo de envelhecimento (aposentadoria, viuvez ou cuidar de outra pessoa), manter sua identidade e manter o interesse pela vida.

Além disso, continuar aprendendo está intimamente relacionado com as habilidades para crescer – no mental, no físico, no socialmente e emocionalmente e para tomar decisões. Assim, a aprendizagem ao longo da vida é um pilar do envelhecimento ativo.

Afinal, uma estrutura de oportunidades educacionais profundamente desiguais no passado – no tempo em que os mais velhos tinham idade para aprender, de acordo com os cânones clássicos, isto é, durante a infância e adolescência – eles não conseguiram. A grande maioria dos idosos tem, no máximo, o secundário médio, por um lado, e uma minoria teve a oportunidade de ao menos terminar seu ensino médio e talvez se aventurar no ensino superior.

O estudo do Barômetro da Dívida Social com o Idoso mostra como o interesse em continuar treinando, estudando ou aprendendo é frequente entre os idosos. Desde que a Lei 27.360 na Argentina aprovou a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, as pessoas mais velhas vêm se tornando conscientes de sua importância e também mais exigentes, reivindicando o direito à educação contínua.

No entanto, a sociedade ainda associa a idade avançada como um período da vida cheio de preconceitos e de desinvestimentos. Por isso o estudo quis conhecer os interesses educacionais dos idosos e se o interesse na aprendizagem é uniforme ou há variações de acordo com alguns atributos pessoais ou estrutural deste grupo populacional.

Fonte: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br

INSS admite vazamento de dados de aposentados para o setor financeiro

Após denúncia do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que encaminhou notificação a diversos órgãos do governo federal em março deste ano, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) assumiu a existência de um esquema de vazamento de dados de aposentados e beneficiários para agentes do setor financeiro.

O Idec vem alertando os órgãos responsáveis para a falta de segurança dos dados dos consumidores, que têm suas informações compartilhadas sem consentimento prévio e, assim, se tornam vulneráveis a fraudes. Segundo o Instituto, não há dúvidas de que esses vazamentos somados à agressividade na oferta de crédito e à oferta irresponsável de crédito colabora para o superendividamento de mais de 60 milhões de brasileiros.

De acordo com matéria do jornal Agora, o presidente do INSS, Renato Vieira, admitiu a existência de esquemas fraudulentos de vazamento de dados. Segundo Vieira, “há uma inegável fuga de informações”, com o “aproveitamento indevido dos dados” dos segurados.

Ainda segundo o presidente do órgão, o INSS deu início a um pente-fino interno para combater o vazamento de dados. As investigações serão realizadas nas três etapas que envolvem a concessão de benefícios: no Dataprev (empresa de tecnologia da Previdência), na análise dos requerimentos pelo próprio INSS e no processamento dos pagamentos pela rede bancária.

O Idec considera a iniciativa positiva. “Essa é justamente a primeira medida a ser tomada para estancar a sangria criminosa de dados dos aposentados e pensionistas. É importante, contudo, que a ação seja efetiva, e desmonte toda a rede de vazamento e compartilhamento ilegal dessas informações, para cessar essa prática e para que ela não volte mais a acontecer”, afirmou Diogo Moyses, do programa de Direitos Digitais do Idec.

Contudo, segundo o Idec, o problema vai além do vazamento de dados: “A declaração do presidente do INSS comprova que a administração pública não está sendo eficaz no combate a práticas ilegais de compartilhamento não autorizado de dados ou vazamentos dentro de seus quadros. Além da conduta omissa do Governo Federal, a oferta abusiva ocorre por conta de uma regulamentação frágil até mesmo por parte do INSS com relação à proteção dos idosos e beneficiários. A sociedade precisa urgentemente de respostas”, aponta Ione Amorim, especialista do programa Financeiro do Instituto.

A atuação do Idec

Em outra frente, o Idec continua a cobrar das autoridades soluções contra as práticas abusivas na oferta de empréstimos consignados a novos aposentados. Entre as reivindicações apresentadas pelo Instituto estão a revisão das normas relativas à concessão de empréstimo consignado, proibindo o marketing abusivo para a concessão desse tipo de empréstimo.

Em 3 de abril, a Comissão de Defesa da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou a realização de uma audiência pública para discutir o tema, em conjunto com a Comissão de Defesa do Consumidor. Além do Idec, devem participar da audiência representantes do INSS e do Banco Central.

A mesma comissão da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de informações ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, solicitando explicações sobre as denúncias realizadas pelo Idec sobre os abusos na oferta e concessão de empréstimos consignados, principalmente para aposentados e demais beneficiários do INSS.

Após solicitação à Procuradoria-Geral da República, o Idec participará de uma audiência na próxima quinta-feira (11), quando reforçará a solicitação para que a Procuradoria cobre do governo federal ações efetivas que combatam as práticas abusivas das instituições bancárias e operadores de crédito.

O Idec também está recolhendo relatos de vítimas dos golpes e abusos para colaborar com futuras ações do Instituto. A ação faz parte do especial Golpe da Aposentadoria, com o objetivo de orientar os consumidores em relação aos assédios da oferta de crédito consignado.

Dê o seu depoimento

O Idec está estudando casos para entender como impedir o assédio aos consumidores e cobrar medidas das autoridades responsáveis. Dê o seu depoimento e contribua com informações que possam ajudar a cobrar das autoridades a proteção dos dados pessoais dos cidadãos, coibir a oferta abusiva do crédito consignado e propor medidas para o aprimoramento das políticas regulatórias da segurança de dados e da oferta e concessão de crédito.

Fonte: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br

Crescem os casos de suicídio entre idosos no Brasil

Entre 1980 e 2012, o aumento foi de 215,7%. Para especialistas, acúmulo de perdas e isolamento social estão entre as motivações para o ato extremo.

Sem forças

Paloma Oliveto

O suicídio entre idosos é como aquele segredo de família que todos sabem existir, mas sobre o qual ninguém ousa falar. Tema tabu em qualquer faixa etária, a morte autoafligida soa paradoxal na terceira idade, quando tantas agruras da vida já foram superadas. As estatísticas, porém, alertam que esse silêncio precisa ser quebrado. Em todo o mundo, as maiores taxas de tentativas e atos consumados estão nas faixas etárias avançadas. No Brasil, não é diferente.

Série ‘Esquecida mente’. Clique na imagem e vá para o índice.

Os dados nacionais ainda são escassos, mas evidenciam que o país acompanha a tendência global. O Mapa da Violência 2014, organizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, aponta que, acima dos 60 anos, há oito suicídios por 100 mil habitantes, taxa maior que a registrada entre outros grupos etários. Entre 1980 e 2012 — período avaliado no estudo —, houve crescimento de 215,7% no número de casos entre os idosos. Da mesma forma que ocorre com os mais jovens, os homens são as principais vítimas. Aos 75 anos, de acordo com o Ministério da Saúde, a razão é de oito a 12 suicídios masculinos por um feminino. 

Outro retrato do tema foi traçado por pesquisadores de sete instituições acadêmicas que, em 2012, publicaram uma edição especial da revista Ciência & Saúde Coletiva com dados quantitativos e qualitativos, coordenados pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Enasp/Fiocruz). Um dos trabalhos utilizou o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, para calcular os registros de suicídio de pessoas com mais de 60 anos entre 1996 e 2007. Nesse período, os pesquisadores identificaram 91.009 mortes autoprovocadas, sendo que 14,2% ocorreram entre idosos.

“Existe essa impressão que o idoso não se mata porque está no fim da vida, porque passou pela adolescência, estabeleceu uma família, já enfrentou o pior da vida. Não é bem assim”, diz a psicóloga Denise Machado Duran Gutierrez, professora da Universidade Federal do Amazonas e autora de três artigos publicados no especial da Ciência & Saúde Coletiva. “Na terceira idade, especialmente quando há doença degenerativa, com perda de capacidade funcional e dor crônica, e quando há perda de laços referenciais e de uma série de suportes, o idoso fica muito vulnerável”, destaca.

Decisão racional

De acordo com a especialista, também é preciso levar em conta que as tentativas de suicídio na terceira idade costumam ser definitivas. “Diferentemente de outras etapas da vida, que se pode pensar no suicídio por impulso, por uma dor de amor, um arroubo de fúria, uma tristeza, o idoso não vive esse tipo de situação. Tem um período de tomada racional de decisão. Em média, o jovem faz 20 tentativas para um efeito, o suicídio. No idoso, são quatro tentativas. Muitas vezes, não há tentativa, é única. Eles usam métodos definitivos.”

Por trás do desejo de antecipar o fim da vida, estão as perdas. Perda de saúde, autonomia, produtividade, papéis sociais. Perda de cônjuges, amigos, cuidadores e de outras pessoas nas quais eles depositam confiança. “A depressão tem um papel muito importante, assim como as questões de aspectos sociais da terceira idade, como a de estar passando por mais perdas, estar passando pela aposentadoria e não se sentir mais útil, de os filhos terem saído de casa, de ele ter mais dificuldade de se encaixar em uma sociedade como a nossa, que não está ainda muito bem preparada para acolher os idosos”, destaca a psiquiatra Helena Moura, especialista em psicogeriatria pela Universidade de São Paulo (USP). 

O velho não só sofre processo de migração, de deslocamento. Mas, também, muitas vezes na própria casa, perde o quarto principal, vai pra um quartinho de fundo. Os filhos, quando o levam ao médico, falam por ele, o tratam como criança, desautorizam no médico. O idoso vai perdendo voz, espaço”

A família tem uma responsabilidade enorme nesse processo, afirma Denise Machado Duran Gutierrez. “O velho não só sofre processo de migração, de deslocamento. Mas, também, muitas vezes na própria casa, perde o quarto principal, vai pra um quartinho de fundo. Os filhos, quando o levam ao médico, falam por ele, o tratam como criança, desautorizam no médico. O idoso vai perdendo voz, espaço”, acusa a especialista. Em uma pesquisa sobre 51 casos de suicídio cometidos por pessoas com mais de 60 anos, a professora da Universidade Federal do Amazonas identificou que o fator de maior frequência por trás do ato foi o isolamento social: ao investigar com familiares das vítimas, constatou que esse foi o motivo de 32,1% dos homens e 31,7% das mulheres. 

O estudo também mostrou que, no caso dos idosos do sexo masculino, doenças e perdas que levam a invalidez, interrupção do trabalho ou limitação da capacidade funcional vêm em segundo lugar, seguidas por ideações suicidas (pensamentos constantes sobre esse ato), abusos físicos e verbais, morte/doença de parentes e sobrecarga financeira. Já entre as mulheres, as ideações e tentativas prévias, além de casos suicídios na família, ficaram em segundo lugar. Doenças e deficiências incapacitantes, impacto de mortes ou doenças na família, abuso e violências de gênero e endividamento se seguiram a esses motivos. Por outro lado, apoio de parentes e de amigos, incluindo os elos afetivos e os encontros de sociabilidade e lazer, foram destacados por familiares como possíveis fatores que poderiam evitar o suicídio dos idosos.

Os casos reconstituídos na pesquisa da qual Gutierrez fez parte mostram o quanto uma vida de fatos traumáticos — e sem assistência — pode influenciar no suicídio de idosos. Como a história de uma mulher de 82 anos que sofreu violência doméstica, viu a filha ficar paraplégica depois de baleada pelo marido, perdeu um filho afogado, cuidava do outro filho, que tinha transtorno mental, mas jamais externava as dores da alma. A irmã relatou que ela “sempre sorria, nunca se deixava abater”. Por trás da aparente serenidade, contudo, havia um desejo de colocar um fim nas provações. Em uma idade que passa da expectativa de vida média das mulheres brasileiras, que é de 79,1 anos, ela ateou fogo no corpo. Os médicos que a atenderam ficaram impressionados: morreu como viveu, em silêncio absoluto. 

Assistência falha

Apesar da gravidade e da dimensão do problema, especialistas criticam a falta de recursos e de capacitação profissional. O enfermeiro Maycon Rogério Seleghim, pesquisador do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, lamenta a inexistência de uma base nacional de dados sobre frequência e distribuição das tentativas de suicídio, que, na opinião dele, poderiam ajudar a conscientizar gestores e trabalhadores do setor de saúde sobre a necessidade de se debruçar mais sobre o tema. 

A caracterização das tentativas deveria ser uma das primeiras ações a serem realizadas pelos serviços de saúde, sobretudo por aqueles com maior proximidade com essa clientela, como as unidades básicas de saúde”

Seleghim é autor do artigo Caracterização das tentativas de suicídio entre idosos, publicado na revista Cogitare Enfermagem. No trabalho, ele avaliou fichas de ocorrência de 66 tentativas registradas de 2004 a 2010, em um Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná. Ao identificar os métodos mais utilizados por idosos, o especialista defende que é possível investir em estratégias preventivas. “A caracterização das tentativas deveria ser uma das primeiras ações a serem realizadas pelos serviços de saúde, sobretudo por aqueles com maior proximidade com essa clientela, como as unidades básicas de saúde”, afirma. 

Uma preocupação do enfermeiro psiquiátrico é com o amplo acesso de pessoas com mais de 60 anos a medicamentos controlados, utilizados por 45,5% dos indivíduos que tentaram cometer o ato. “Uma situação que tem colaborado negativamente com essa questão é a prescrição inadvertida dos psicotrópicos por médicos clínicos gerais ou de família. Muitos dos medicamentos pertencentes a essa classe farmacológica são receitados por esses profissionais aos idosos sem uma avaliação neuropsiquiátrica mais específica ou abrangente, na maioria das vezes, sem considerar estratégias não farmacológicas de tratamento”,  critica.

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Entrevista

Com Raimunda Magalhães da Silva

A enfermeira Raimunda Magalhães da Silva, professora de saúde coletiva da Universidade de Fortaleza, integrou um estudo em que foram entrevistados idosos de todas as regiões brasileiras que haviam tentado ou pensado em suicídio. As perdas e os conflitos familiares estiveram presentes em todas as falas, descritas no artigo Influência dos problemas e conflitos familiares nas ideações e tentativas de suicídio de pessoas idosas. “Foi um acúmulo. Primeiro, perdi meu marido, depois, foi a perda de um cunhado e, em um ano, perdi meus três filhos, isso me abalou muito. Eu fiquei desgostosa da vida, a gente pensa que daí em diante tudo vai dar errado, vai faltando forças para viver”, contou uma mulher de 71 anos, moradora do Recife. “A minha família tem condições, mas não ajuda nem me visita. Não tenho com quem compartilhar nada, vou ficar conversando com quem? Aonde? Eu nunca amei e nunca fui amado de verdade”, relatou um homem de 64 anos, de Fortaleza. Leia a entrevista que Raimunda concedeu ao Correio.

A literatura científica, citada em seu artigo, diz que dois terços ou mais de idosos procuraram atendimento nos serviços de atenção primária e sinalizaram para familiares suas intenções 30 dias antes do suicídio. Por que esses sinais são ignorados?

Para os profissionais, ainda falta capacitação para apreender as nuances existentes nas colocações sutis e no silêncio que o idoso faz durante a consulta”

Para os profissionais, ainda falta capacitação para apreender as nuances existentes nas colocações sutis e ou no silêncio que o idoso faz durante a consulta. Para a família, esses sinais são ignorados por não acreditarem que o idoso seja capaz de praticar o suicídio, pela confiança de que estão dando a atenção que o idoso requer, pelo pouco tempo de convivência no domicílio ou na vida social, pelo pouco tempo de conversa com o idoso, por não criarem condições para ouvir as queixas, as lamentações e os questionamentos da pessoa, e por acharem que o idoso não deve participar de assuntos adversos da família e, sim, poupá-lo de preocupações. O idoso com habilidade física, mental e social (embora restrita) deve ser considerado pela família como membro que tem condições de opinar sobre assuntos inerentes à família e a si mesmo.

Os idosos ouvidos na pesquisa já haviam pensado ou tentado suicídio em outros períodos da vida ou foi algo que surgiu apenas com o avançar da idade?

Muitos haviam pensado no suicídio desde a adolescência. Temos o exemplo de uma senhora que foi espancada e abusada sexualmente pelo padrasto desde criança, conseguiu fugir de casa para morar na rua e tentou várias vezes o suicídio. Muitos haviam tentado mais de uma vez, por ter uma história de vida marcada por violência, negligência, abusos sexuais, agressões físicas e psicológicas e sofrimentos existenciais durante a vida. Esses conflitos, na sua grande maioria, eram provocados pelos familiares e pela convivência intergeracional. 

A senhora diz que a não aceitação das perdas é um fator de risco de suicídio na velhice. Por que elas parecem ser tão mais sentidas por idosos do que para o restante da população?

O envelhecimento apresenta fatores distintos, como dependência de companheiro ou de familiar, diminuição de agilidade nas atividades funcionais; às vezes, ausência de mobilidade e, no caso de portadores de doenças incapacitantes ou não, a ajuda constante de outra pessoa. Geralmente, essa outra pessoa é o esposo ou a esposa ou uma pessoa muito próxima da família. Na ausência dessa pessoa por morte, o idoso se sente desamparado, angustiado, ansioso e sem condições de assumir suas necessidades. O idoso convive com conflito de insegurança, sentimentos de perda irreparável e indecisões quanto à continuidade da vida. Esses fatores o levam a sentir profundamente a perda, principalmente quando a pessoa que morre está muito próxima de si. Portanto, não se pode afirmar que existe uma causa para o sentimento de perda pelo idoso, mas um complexo de valores associados que devem ser ponderados e reparados por todos e pela sociedade. (PO)

Fonte: http://especiais.correiobraziliense.com.br

Idosos e prioridade na tramitação de processos

As pessoas com 80 anos ou mais tem superior prioridade na tramitação de processos àquelas que tiverem 60 anos ou mais, já que o Estatuto do Idoso garante aos octogenários uma preferência em relação aos demais idosos.

No Brasil, um processo, seja ele interposto no âmbito judicial ou administrativo, costuma levar anos para ser concluído.

Muitas das vezes até que o resultado final apareça, inúmeros anos se passam e quando o resultado vem, ele não atingirá mais o objetivo perseguido quando o processo foi interposto.

A demora decorre de uma cultura popular que é muito comum aos brasileiros e que é comumente encontrada, país afora, como o excesso de processos que são igualmente interpostos diariamente, a ausência de profissionais que atuarão em cada um deles, o excesso de recursos que de cada um deles pode advir, a falta de capacitação e de conhecimento técnico por parte daqueles que os interpõem e que o fazem errado, levando a perda de um tempo precioso, dentre tantas outras hipóteses que buscam justificar o alongamento de tempo que se leva para concluir um processo.

A fim de evitar prejuízos decorrentes desta demora, a legislação salvaguarda como prioritária a tramitação de alguns processos, haja vista que se for demorado o resultado a deles advir, de nada terá servido acionar o sistema judicial ou administrativo na busca por satisfazer um direito ou por sanar uma questão.

Esta tramitação prioritária é prevista a todos os processos que têm como parte, direta ou indiretamente, pessoas com 60 anos ou mais, pessoas com doenças graves, crianças e adolescentes.

Estas pessoas estão legalmente amparadas com o direito de ter um direito que é seu socorrido em um tempo menor pelas condições que lhes são peculiares, seja porque viveram mais, porque estão com a saúde seriamente afetada ou porque a infância e a juventude estão comprometidas com uma eventual demora no julgamento de um processo interposto.

A participação direta de pessoas nestas condições se dá quando buscam um direito que é seu, de imediato, sem intermediários, e de maneira indireta quando são, por exemplo, um terceiro interessado em uma demanda, judicial ou extrajudicial.

Sendo comprovada a peculiaridade que lhe toca e a urgência na tramitação daquilo que se faz necessário, o direito deve ser observado e, de pronto, aplicado àquele que dele faz jus.

Com relação à prioridade de tramitação de processos que envolvam idosos, é importante saber que as pessoas com 80 anos ou mais tem superior prioridade àquelas que tiverem 60 anos ou mais, já que o Estatuto do Idoso garante aos octogenários uma preferência em relação aos demais idosos.

Na prática quando defrontada uma situação que envolva uma pessoa em qualquer destas condições, inúmeras são as justificativas para que a celeridade prevista em lei não se efetive, como a ausência de deferimento sobre a prioridade de tramitação por parte da autoridade competente para julgar o processo em questão, por exemplo.

Esta ou qualquer outra justificativa não tem a menor plausibilidade e não procede, uma vez que a lei que estabelece a prioridade de tramitação não apresenta qualquer tipo de ressalva para que a preferência não seja cumprida.

Salvo casos legalmente justificados pela autoridade competente para julgar um processo que envolva pessoas que têm por lei a prioridade de tramitação a seu favor assegurada, com uma justificativa no sentido de ser indevida a precedência aos julgamentos, por motivos amparados em lei de maneira indiscutível, não há de se falar em qualquer tipo de inobservância desta garantia, mas apenas e tão somente na aplicabilidade desta regra de maneira direta e imediata, comprovada a condição prioritária.

A comprovação da prioridade de tramitação que assegura uma celeridade maior na apreciação de um processo por assim ampará-la se dá com documentos que certifiquem o que se alega.

A título de exemplo citemos a certidão de nascimento, na qual se faz constar o ano de nascimento de quem apresenta um pedido de prioridade de tramitação, seja administrativo ou judicial, e na qual se visualiza, por exemplo, uma idade de 60 ou 80 anos, ou ainda cópias de RG, de CPF, de documentos expedidos por órgãos de classe, ou de qualquer outro em que se visualize de maneira inequívoca a idade ou a condição daquele que pleiteia algo que entende ser-lhe devido.Apresentado um documento que comprove de forma incontestável o que se alega, a prioridade na tramitação de um processo, seja ele judicial ou administrativo, deve e precisa ser observada e cumprida, já que o tempo corre em desfavor da urgência daquele que contra ele litiga tantas e tantas vezes.

A prioridade vale para a prática de todo e qualquer ato que se faça necessário à movimentação do processo, como atos de citação, atos de notificação e de ciência, atos para cumprimento de determinações etc.

O processo, por sua vez, para a satisfação do que se faz necessário, receberá identificação própria para marcar sua condição de tramitação diferenciada no caso de ser físico (de tramitar em papel) ou seguirá identificações peculiares utilizadas por cada sistema, se o caso, na hipótese de ser digital.

É importante que se fique claro que não há necessidade alguma de deferimento deste benefício de tramitação por qualquer autoridade ou funcionário que nele venha a participar ou trabalhar, já que não se fala em deferimento, mas em acatamento àquilo que é um direito criado especialmente para amparar aqueles que precisam de uma urgência maior na satisfação do que lhes é necessário.

Uma vez presente, a prioridade de tramitação não cessa mesmo com a morte do seu beneficiário, estendendo-se ao seu cônjuge ou ao companheiro que venha a sucedê-lo na demanda interposta, independentemente da idade que qualquer deles tenha.

Este benefício vale a todos os processos administrativos ou judiciais, que tramitam perante a administração pública direta (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) ou indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista).

Vale, igualmente, para serviços prestados por órgãos públicos de qualquer dos poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário, da Defensoria Pública ou do Ministério Público.

Aplica-se ainda aos processos que tramitam junto aos prestadores de serviços públicos, como cartórios de notas, de protestos, de registro civil, de imóveis e ainda junto às instituições financeiras.

Em uma sociedade que comprovadamente envelhece como a brasileira, na qual as expectativas são de uma população com 1 em cada 4 brasileiros com mais de 65 anos em 2060, a busca pela satisfação desta prioridade de tramitação é medida mais do que urgente.

As desculpas que hoje são utilizadas para não se cumprir uma tramitação que é legalmente assegurada não poderão envelhecer junto com aqueles que correm o risco de não terem seus direitos satisfeitos em decorrência de uma demora a que nunca deram causa.

A conscientização de que uma velhice digna precisa buscar pela salvaguarda do que hoje já é previsto, mas infelizmente, insatisfatoriamente efetivado.

Oportuno ainda lembrar que esta busca deve e precisa vir acompanhada de atitudes que minimizem as mazelas destes atos insatisfatórios que, se multiplicados pelo tempo, impactarão em uma infringência absoluta de dignidade.

Não é só uma prioridade de tramitação. É uma prioridade de satisfação de direitos e de garantias a uma vida humana, com condições ou idades especialmente amparadas e que em suas peculiaridades deve ser tratada.

Fonte: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br

Descobrindo propósito e alegria de viver na terceira idade

Qual a melhor forma de criar uma perspectiva saudável da velhice? Passando mais tempo com os idosos para descobrir o que faz sentido e proporciona prazer nessa fase, apesar das perdas físicas e sociais que certamente sofreram.

Essa é a descoberta dos autores de dois livros inspiradores sobre o envelhecimento, que felizmente se deram ao trabalho de revelá-la aos que provavelmente farão parte do grupo dos “idosos muito idosos” em um futuro não muito distante. Na verdade, as ideias neles contidas podem ser igualmente valiosas para os jovens e as pessoas de meia-idade com medo de envelhecer.

Alguns podem até evitar o convívio com idosos, com medo de pegar sua “doença” – e só tem a perder com isso.

Em nossa cultura enaltecedora da juventude, muita gente encara os mais velhos com medo ou desprezo, vendo-os como consumidores onerosos de recursos que pouco oferecem em troca.

Diante do ritmo alucinante da tecnologia, que muitas vezes desconcerta e confunde a terceira idade, a sabedoria que possui, e que já foi tão admirada pelos jovens (e continua sendo, em algumas sociedades tradicionais), não é valorizada, nem gera respeito.

O primeiro livro que li foi “The End of Old Age”, do Dr. Marc E. Agronin, psiquiatra geriátrico do Miami Jewish Home, que aprendeu, depois de décadas de tratamento aos idosos, que é possível manter o propósito na vida mesmo diante de doenças e deficiências debilitantes, do funcionamento físico e mental prejudicado e da participação limitada em atividades.

O segundo, “Happiness Is a Choice You Make”, foi escrito por John Leland, do New York Times, que passou um ano entrevistando – e aprendendo – com seis moradores “idosos muito idosos” (todos com mais de 85 anos) da cidade, de diversas culturas, formações e experiências de vida.

O repórter me disse: “Essas pessoas mudaram totalmente minha vida; abriram mão de distrações que nos levam a fazer bobagens e se concentraram no que é importante. Não ficam se desgastando com o que pode vir a acontecer; só se preocupam quando as coisas acontecem e, mesmo assim, não muito. Simplesmente lidam com o fato. Em qualquer idade podemos escolher nos adaptar aos acontecimentos. Temos o poder de decidir se deixamos ou não as coisas nos derrubarem”.

Após a leitura dos livros, passei a me encarar de outra maneira: como uma pessoa que já viveu bastante e continua a procurar e aproveitar atividades proporcionais às limitações impostas pelas mudanças inevitáveis no corpo e na mente, resultado dos muitos anos vividos.

Tudo bem se as palavras ou grafias me fogem temporariamente; posso perfeitamente ao Google ou a Siri que preenchem as lacunas.

Adoro a história no livro de Agronin sobre o famoso pianista Arthur Rubinstein, “que lidava com os declínios causados pela idade na habilidade de escolher um repertório mais limitado, otimizando o desempenho com mais ensaios, compensando com alterações no ritmo em certos trechos para destacar as dinâmicas da obra”.

Agronin elogia o Dr. Gene D. Cohen, um dos fundadores da psiquiatria geriátrica, que “não só percebeu o que é o envelhecimento, como também o que ele pode ser, ou seja, não aquilo que realizamos apesar do envelhecimento, mas por causa dele”. No modelo criativo de Cohen, a pessoa tem o potencial de enxergar as possibilidades, e não os problemas; a idade pode abrir caminho para experiências novas e ricas, oferecendo à pessoa uma forma de renovar as paixões e se reinventar.

Há atividades que eu adorava e não posso ou não quero mais praticar, como jogar tênis, esquiar ou patinar no gelo, mas ainda consigo caminhar, nadar e brincar com meu cachorro, coisas que me deram prazeres inesperados e resultaram em novas amizades.

Posso ir ao museu com meus netos e me divertir com o conhecimento sobre os impressionistas que adquiriram na aula de Educação Artística. Quando lhes dei ingressos para me acompanharem à ópera, um deles disse sorrindo: “Acho que vou adquirir um pouco de cultura”.

Já sei que se e quando minha capacidade física se tornar ainda mais limitada, sempre poderei ter conversas enriquecedoras com esses meninos que estão se tornando adultos com uma rapidez assustadora.

Eles podem saber como reiniciar meu celular ou descobrir canais escondidos na minha TV, mas eu posso ajudá-los a colocar suas experiências de vida em perspectiva e apoiar a decisão de sair da zona de conforto para correrem riscos que oferecem potencial de crescimento.

Como uma das entrevistadas mais jovens de Agronin diz: “Mesmo quando o declínio físico e as perdas restringem as opções, a capacidade de apreciar e de encarar cada dia com um sentimento de propósito permanecer”.

“É só uma questão de como se encara a situação”, conclui.

Ele menciona o conceito desenvolvido por Robert D. Hill, psicólogo de Salt Lake City. “O envelhecimento é afetado pela doença e pelas limitações, mas não se condiciona a evitá-lo. Pelo contrário, gera um estado mental positivo, otimista, corajoso e capaz de se adaptar e lidar com as mudanças da vida de forma flexível”.

Ou, como Cohen constatou, a criatividade não está limitada aos jovens. Em qualquer idade, ela pode abrir as pessoas a novas possibilidades e acrescentar riqueza à vida. De acordo com o autor, beneficia o envelhecimento fortalecendo o moral, aprimorando a saúde física, enriquecendo as relações e estabelecendo um legado.

Agronin citou dois exemplos notáveis: Henri Matisse, “o homem que se levantou dos mortos” após uma cirurgia de câncer, em 1941, e passou a criar colagens quando não conseguia mais pintar; Martha Graham, que se reinventou como coreógrafa quando não pôde mais dançar.

Segundo o livro, quando não conseguimos mais batalhar pelos papéis e as paixões da juventude, podemos buscar força e inspiração no passado, tentar algo novo que seja uma extensão do que fazíamos ou que nos leve em outra direção.

E, como Leland descobriu, não há espaço para ressentimentos na velhice feliz. Embora eu não tenha ganhado o Pulitzer, os “prêmios” que recebi de milhares de leitores, agradecidos pela ajuda contida nos meus textos nos últimos 50 anos, são muito mais importantes.

Eles me inspiram a continuar fazendo o que faço de melhor, ou seja, fornecer informações vitais sobre saúde e inspiração baseada nos melhores trabalhos científicos atualmente disponíveis.

Citando o trabalho de Laura L. Carstensen, diretora fundadora do Centro Stanford para Longevidade, Leland escreveu que “os idosos, cientes de que têm um tempo limitado diante de si, concentram as energias em coisas que lhes dão prazer no momento, e não num futuro que talvez nunca chegue”.

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br

Sem preparo, Brasil envelhece com pobreza

No programa Ciência Aberta estudiosos dizem que, sem cuidado, avanços obtidos até agora podem ser perdidos

Com 14% da população com mais de 60 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil continua sendo um país de jovens. No entanto, a tendência é que siga envelhecendo cada vez mais rápido.

Na avaliação de pesquisadores e especialistas que participam do segundo episódio do programa Ciência Aberta em 2019, com lançamento no início deste mês, o país não se preparou para o aumento na proporção de idosos, que era de 10,8% em 2010, e de apenas 4,1% em 1940.

‘Enquanto os países desenvolvidos enriqueceram primeiro, para depois envelhecer, nós estamos envelhecendo com pobreza. E não só com pobreza, mas com muita desigualdade’, disse Alexandre Kalache, médico epidemiologista e presidente do Centro Internacional de Longevidade – Seção Brasil.

Ainda, segundo Kalache, no caso da França, foram necessários 145 anos (1845 a 1990) para que a população de idosos dobrasse, passando de 10% para 20%. No Brasil, ocorrerá aumento semelhante em apenas 19 anos, entre 2010 e 2029.

‘É o tempo de uma geração. Precisaremos nos adaptar e desenvolver políticas públicas sem os recursos que a França teve ao longo do século 20’, disse Kalache, que dirigiu o programa global de envelhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 1995 e 2008.

Para Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e da Escola de Enfermagem (EE) da Universidade de São Paulo (USP), não faltam boas políticas para idosos no Brasil, falta realizá-las.

‘Pouco tempo atrás, tínhamos a questão do envelhecimento do idoso como primeiro item do Pacto pela Saúde. Mas, sem verba, sem meios para implementar. Não precisamos de mais políticas, e sim que as existentes sejam executadas’, disse.

Duarte é coordenadora do ‘Estudo SABE – Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, pesquisa longitudinal de múltiplas coortes sobre as condições de vida e saúde dos idosos do município de São Paulo’.

O estudo multicêntrico teve início em 2000, por iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Na primeira edição foram entrevistadas pessoas de 60 anos ou mais de sete grandes cidades da América Latina e do Caribe, entre elas São Paulo. Com apoio da Fapesp, o estudo foi reeditado em São Paulo entre 2006 e 2010 e, em 2016, teve sua quarta edição.

Um bom exemplo de política pública na área é a Rede Mundial de Cidades Amigas das Pessoas Idosas, criada por Kalache quando trabalhava na OMS, que engloba mais de 600 cidades, em 37 países, que estão trabalhando para melhorar ambientes físicos e sociais, favorecendo o envelhecimento saudável.

A rede serve como modelo para o projeto Bairro Amigo do Idoso, que busca implementar na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, medidas que tornem a convivência entre gerações mais harmoniosa e promovam a saúde de pessoas com mais de 60 anos.

O estudo, apoiado pela Fapesp, permitiu mapear o bairro para indicar aos idosos locais e atividades voltados ao lazer e à prática de atividade física, a uma distância que pudesse ser percorrida a pé. O objetivo é estimular hábitos saudáveis.

‘Não é a única solução. Mas mostra que é preciso investimento para fazer com que a população reconheça o lugar onde vive e as facilidades e dificuldades para ter uma vida saudável’, disse Luiz Roberto Ramos, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento (CEE) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), que lidera o projeto.

Risco de Retrocesso

Segundo os participantes do programa Ciência Aberta, o avanço observado em termos de expectativa de vida pode ser revertido muito rapidamente se não houver um cuidado permanente.

Kalache comentou que, nos últimos três anos, a expectativa de vida nos Estados Unidos começou a diminuir em vez de aumentar em decorrência das epidemias de obesidade e diabetes. ‘Há a perspectiva de que as crianças que estão nascendo hoje [nos Estados Unidos] possam viver menos do que seus pais. O país está em 34º no ranking mundial de expectativa de vida, atrás de países muito mais pobres, porém menos desiguais. A desigualdade mata’, disse.

No Brasil, uma amostra do efeito da desigualdade social se dá na diferença de expectativa de vida de acordo com a renda. Duarte mencionou estudo que mostra diferenças na cidade de São Paulo. No bairro Jardim Ângela, no extremo sul da capital, a expectativa de vida é de 55 anos; enquanto no Jardim Paulista, bairro de classe alta, é de 79 anos. Mesmo aqueles que vivem mais nos bairros mais pobres, têm uma qualidade de vida pior.

‘As pessoas nesses bairros têm condições de vida piores no transcorrer da vida. Justamente porque estão em piores condições sociais, vão adoecer mais, ter piores condições de atendimento e ficarão incapacitadas mais precocemente’, disse Duarte.

Fonte: https://terceiraidadeconectada.com

Dez dicas para o idoso deglutir com segurança

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro lançou uma cartilha sobre deglutição, iniciativa que integra uma série sobre cuidados e segurança da pessoa idosa. Em entrevista a este blog, Márli Borborema, mestre em Fonoaudiologia e presidente de Gerontologia na SBGG-RJ, já alertava que, com o processo do envelhecimento, o indivíduo perde massa muscular e, consequentemente, força na musculatura responsável pela deglutição. Por isso, aqui vão dez dicas para que a hora da refeição não gere estresse, nem riscos:

1) 1) Postura: o idoso tem que ficar sentado confortavelmente, com cabeça, pescoço e tronco posicionados no meio do corpo.

2) 2) Distração: evitar TV ligada, gente falando e tumulto na hora da refeição. O idoso não deve conversar enquanto come, é importante que preste atenção na deglutição.

3) 3) Pescoço: o grande segredo da deglutição está no pescoço, é importante observar a região da frente, onde se dá a passagem do alimento. O movimento não deve ser rápido, nem lento demais.

4) 4) Deglutição vazia: estimular a deglutição vazia (só de saliva) antes da oferta de alimento, principalmente antes da administração de comprimidos. Pode-se usar uma colher de sobremesa limpa e gelada, ou uma colher melada de algum sabor. O idoso independente fará isso sem ajuda.

5) 5) Consistência: não alterar a consistência alimentar sem consultar o profissional de saúde que acompanha o idoso (médico, nutricionista, fonoaudiólogo).

6) 6) Ritmo: é importante esperar uma deglutição de alimento – lembrar que água também é alimento – e, em seguida, uma deglutição vazia, que completa uma sequência. Comer pode cansar!

7) 7) Programação: a refeição deve ser interrompida se a pessoa estiver cansada, suando muito ou com respiração ofegante. Neste caso, é melhor programar refeições pequenas com intervalos menores.

8) 8) Utensílios: sempre utilizar produtos resistentes, sejam de plástico ou de vidro. Dependendo do grau de dependência do idoso, usar colheres menores (em vez das de sopa, optar pelas de sobremesa). Copos baixos com gargalo estreito são mais seguros.

9) 9) Após a refeição: fazer a higiene oral logo depois, principalmente se a pessoa usar prótese dentária, parcial ou total. O idoso deve ficar sentado, o mais ereto possível, pelo menos 40 minutos. A soneca pode esperar um pouquinho.

10) Saúde oral: dependendo do estado cognitivo da pessoa, é arriscado fazê-la bochechar água durante a higiene oral – há risco de ela broncoaspirar. As próteses dentárias devem estar ajustadas e em bom estado de conservação. À noite, manter as próteses em solução orientada pelo dentista e recolocá-las na manhã seguinte, depois de escová-las com creme dental.

Fonte: https://llardavis.com.br

Meditação, para evitar a depressão e problemas de saúde

Pensar em envelhecer na sociedade ocidental, ainda é uma realidade dolorosa para muitas pessoas. Entretanto, estudos mostram que doenças e limitações não são consequências exclusivas da velhice. Depende, em grande parte, da prevenção e do estímulo de hábitos saudáveis durante a vida, e do conhecimento que se tem com relação ao processo de desgaste do corpo.

Mas é possível amenizar as dificuldades da terceira idade? Para a coach de meditação do ‘Meditation 4You’, Dianeli Geller, as terapias alternativas auxiliam o idoso a ter consciência sobre o envelhecimento, além de auxiliar na cura de doenças, e principalmente na redução de massa encefálica decorrente da idade. ‘A meditação passou a ter uma grande importância na vida das pessoas que buscam um alívio para o estresse, para os problemas, e para a dor constante da vida’, comenta.

A coach, explica também que cientistas e neurologistas tem estudado a meditação, já que a prática tem o poder de modificar algumas áreas de ação cerebral, controlando a atividade na região do córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento consciente, articulação, criatividade e visão estratégica. Além disso, por meio da prática, é possível alterar as funções e estruturas cerebrais, criando novas sinapses, e assim, reduzindo a perda de massa encefálica que acontece com o passar do tempo.

Pesquisas científicas comprovam que a meditação, mais do que relaxar, pode ter efeitos benéficos sobre a saúde. Um estudo feito na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, mostra que meditar durante 30 minutos, todos os dias, ajuda a aliviar sintomas da ansiedade, depressão e dores crônicas.

Fonte: https://terceiraidadeconectada.com