Médicos explicam como a depressão se desenvolve nas etapas da vida

Segundo o último levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde, há mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades que sofrem de depressão no mundo.

Segundo o último levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), há mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades que sofrem de depressão no mundo. No Brasil, dados da Vittude (plataforma online voltada para a saúde mental) mostram que 5,9% da população brasileira se encontra em estado extremamente severo de depressão.

Principalmente se não for tratada, a doença pode voltar em diferentes períodos da vida ou se tornar crônica: o que muita gente não sabe é que é possível ficar deprimido não apenas na vida adulta e na adolescência, mas também na velhice e até mesmo na infância.

Depressão infantil: o tédio que nunca acaba

A psiquiatra Sheila Caetano explica o que pode causar depressão nesse período são fatores como doenças crônicas reumatológicas (em tecidos como ossos, músculos e articulações), histórico familiar de suicídio, abuso, abandono e contato com substâncias psicoativas. Mas ter depressão abaixo dos 6 anos de idade é considerado algo muito raro pelos especialistas.

Dos 7 aos 12 anos, a doença tem mais chances de ocorrer e é um período em que já há capacidade de verbalizar o sofrimento — apesar de não entendê-lo. No período seguinte, dos 8 anos até a pré-adolescência, a criança já consegue interpretar os sentimentos.

Segundo Caetano, na infância não há noção avançada de letalidade em relação ao suicídio, mas há a intencionalidade. Com 7 anos, uma criança “quer dormir e não acordar”, mesmo que ela não entenda que isso não é reversível. “Elas não entendem que não vão viver de novo, mas já há esse ato”, diz a psiquiatra.

Adolescência: irritabilidade e impulsividade

Ter depressão durante a juventude traz principalmente sintomas como humor irritável, alternação de peso, anedonia (perda de prazer em atividades que se gostava de fazer antes) e mudanças anormais no sono. “O que vemos muito são adolescentes dormindo 12 a 17 horas por dia. Mas a família não entende como eles dormem tanto e ainda ficam cansados”, explica Caetano.

Quando se tem depressão na adolescência, há uma percepção subjetiva de tristeza, mas somada à impulsividade e à agressividade. Assim como na infância, a noção de letalidade é menor: não por baixa compreensão, mas devido aos impulsos. Por isso, é importante o diálogo dos pais com os jovens em um espaço sem julgamentos.

Vida adulta: preocupações do trabalho e vida reprodutiva

Durante a vida adulta, a depressão se manifesta de modo diferente entre homens e mulheres. Elas são mais suscetíveis à doença, principalmente devido às regulações hormonais como o déficit de estrogênio, hormônio fabricado pelos ovários e liberado na primeira fase do ciclo menstrual.

“Até 8% das mulheres vão apresentar o quadro da depressão cíclica. Durante a gravidez e a lactação, até um quarto das mulheres deprimem”, afirma Carmita Abdo, psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), durante palestra no 8º Fórum de Sistema Nervoso Central da América Latina.

Segundo Abdo, as mesmas mulheres que sofrem com depressão durante a gravidez têm ainda mais chances de desenvolver a doença no puerpério, período de 45 a 60 dias após o parto. Muitas adquirem transtorno disfórico pré-menstrual, doença marcada por mudanças de humor extremas que desaparecem após a menstruação.

Para os adultos é muito comum a manifestação do burnout, que alguns pesquisadores classificam até mesmo como sendo um tipo de depressão.

“Ele alude a fatores estressores no ambiente de trabalho e não é uma situação rara. Pode começar como uma situação de estresse ambiental e em pessoas predispostas ele pode acabar evoluindo para a depressão”, afirma.

Velhice

O psiquiatra Sérgio Blay, da Unifesp, conta que a incapacitação nos idosos com depressão é bem maior, considerando todas as doenças da medicina clínica e psiquiátrica. A depressão também pode aumentar os riscos de demência — Blay cita uma revisão de estudos de Lars Kessing, pesquisador da Dinamarca, sobre o assunto.

Nos idosos, a depressão conta com alguns “fatores de risco”, como baixa renda (aposentadorias que prejudicam condições de vida e de alimentação), solidão e a viuvez, em decorrência da morte parceiro amoroso.

“Muito mais para homens há uma piora do quadro devido ao uso de álcool e à baixa inserção social”, afirma Carmita Abdo. “A mulher costuma continuar a manter no envelhecimento as relações familiares e de vizinhança.” O tratamento da depressão na terceira idade também tende a ser mais complicado, pois geralmente o idoso já toma muitos medicamentos: receitar o melhor antidepressivo, portanto, fica mais difícil. “Os nossos pacientes ainda se queixam na disfunção sexual, da insônia. É preciso perguntar para escolher um medicamento que tenha eficácia”, explica Abdo.

Fonte: https://jmonline.com.br

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