Doenças psicossomáticas – ou seja, de fundo emocional -, que atingem um terço da população mundial.
Elas aparecem em qualquer pessoa, em qualquer idade, e podem prejudicar os relacionamentos, a vida pessoal e a rotina.
Saiba como identificá-las e o que é preciso fazer para se livrar dos sintomas.
O que são as doenças psicossomáticas?
Doenças psicossomáticas (a palavra somatos, em grego, significa corpo) são manifestações orgânicas que podem ser provocadas ou cujos sintomas podem ser agravados por problemas mentais ou emocionais.
É um processo pelo qual a pessoa “transfere” para o organismo a carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo.
A conseqüência, muitas vezes, é o surgimento de uma doença ou o agravamento de uma já existente.
Em outras palavras, é quando a pessoa, por não saber expressar suas emoções e externalizar seus conflitos de forma adequada, acaba por armazenar suas tensões em seu corpo.
Isso desencadeia processos no organismo, gerando o estresse que, em longo prazo, provoca o aparecimento de doenças.
“Todos nós já percebemos que, quando passamos por momentos importantes de tristeza, ansiedade, raiva e problemas afetivos, nosso organismo reage.
Conflitos que não encontram espaço para serem resolvidos na mente são transferidos para o corpo”, comenta a psicóloga e psicoterapeuta Olga Inês Tessari.
Carência ou doença real?
As doenças psicossomáticas surgem em momentos de muita ansiedade, estresse e frustração.
E são bastante comum em pessoas “implosivas”, que não costumam extravasar os sentimentos, guardando para si sentimentos como dor e mágoa.
Assim, a tensão causada por eles se acumula no organismo e, uma hora, “explode”, causando manifestações do organismo.
E aí, aparecem doenças como síndrome do pânico, gastrite nervosa, asma, úlcera, artrite e problemas dermatológicos ou sexuais. clique aqui e saiba quais são as outras doenças psicossomáticas mais comuns.
Qualquer pessoa pode somatizar.
Mas existem aquelas que podem ser consideradas “somatizadoras típicas”.
Sofrem com o problema com bastante freqüência e estão constantemente procurando algum tratamento médico.
Estudiosos do tema chegaram à conclusão de que essas pessoas costumam ser carentes.
Os sintomas seriam uma forma de chamar a atenção.
Crianças são um bom exemplo disso.
Quando não têm seus desejos atendidos, algumas delas têm febre para ganhar a atenção da mãe.
Assim, a mãe pára tudo para dispensar cuidados especiais.
E é bastante comum que a garotada exteriorize suas dificuldades emocionais manifestando crises de asma, vômito, cólica ou ainda fazendo xixi na cama.
Mas são os adolescentes e adultos que costumam sofrer mais com a somatização.
Causas
Os sintomas, em geral, iniciam-se antes dos trinta anos de idade.
Ocorrem mais freqüentemente em mulheres, interferindo na vida pessoal, levando à necessidade de um tratamento médico.
A causa ainda não foi descoberta, mas os sintomas costumam surgir em momentos definidos.
Por exemplo, no começo da idade escolar, durante a crise da adolescência ou no início da vida adulta, em função de responsabilidades profissionais e sociais.
São, ainda, resultado de perdas significativas, tais como a morte de um parente ou a perda do emprego.
Também podem surgir com a crise da meia-idade.
Mas por que as doenças psicossomáticas acontecem?
Porque certas condições orgânicas estão ligadas a determinados estados emocionais.
Se algo não vai bem com o indivíduo, o organismo “sente”.
O sistema nervoso central manda várias substâncias para a corrente sanguínea, como neurotransmissores e hormônios – que atuam como reguladores do organismo.
Assim, basta que se esteja em desequilíbrio para as doenças começarem a aparecer.
O papel das emoções
Segundo Olga Tessari, quem sofre com a somatização são as pessoas que têm dificuldade de expressar suas emoções de forma adequada ou que as reprimem.
“São freqüentes os casos em que a doença dura a vida inteira.
As pessoas com esse distúrbio costumam se relacionar com outras pessoas através dos seus sintomas”, diz a psicóloga.
Doentes psicossomáticos têm muita dificuldade em admitir que têm um problema de fundo emocional, justamente por conta dos sintomas físicos que o acompanham.
“Seu raciocínio os faz pensar que, se têm sintomas físicos, certamente é uma doença, e não um problema de fundo emocional.
Isso os leva a ter uma resistência muito grande para procurar tratamento psicológico, mesmo com a insistência dos médicos que os acompanham”, sublinha a Dra. Olga Tessari.
Mesmo quando vão ao psicólogo, esses pacientes o fazem de má-vontade e não conseguem falar de sua vida íntima ou de seus sentimentos, o que leva ao abandono do tratamento.
Como tratar
Para descobrir se a doença é mesmo psicossomática, o médico deve fazer um exame físico detalhado.
Solicitar também exames laboratoriais, para excluir causas físicas dos sintomas, que costumam ser vagos e indefinidos.
Vale dizer que existe a possibilidade de que uma doença real possa passar despercebida pelo médico em pessoas com um distúrbio de somatização por história pregressa de queixas infundadas.
Por isso, a atenção durante o diagnóstico deve ser redobrada.
Nos casos de somatização, o objetivo do tratamento é auxiliar o indivíduo a aprender a lidar com os sintomas físicos e entender que eles têm uma origem psíquica.
É preciso, principalmente, manter uma relação de empatia e confiança com o médico, comparecendo regularmente às consultas para avaliar os sintomas.
O médico, por sua vez, deve explicar ao paciente os resultados dos exames e esclarecer quais os mecanismos que a pessoa utiliza para enfrentar os seus problemas.
Mas é preciso muito tato para manter essa boa relação.
“Não se deve dizer a uma pessoa que seus sintomas são imaginários.
Uma relação ruim com o médico pode agravar o problema”, ressalta Olga Tessari.
A psicóloga comenta que, se não houver tratamento psicológico e mudanças na vida do paciente, a somatização pode se arrastar pela vida inteira.
Um grande passo é aprender a lidar de forma positiva com emoções e conflitos.
São os fatores que geram as doenças psicossomáticas.
Apoio é fundamental
O apoio de familiares e amigos é muito importante para a auto-estima de um doente psicossomático.
Em primeiro lugar, é preciso entender que a pessoa sofre muito com os sintomas físicos.
A família, segundo a psicóloga, jamais deve questionar ou dizer que seus sintomas são fruto da imaginação.
Isso pode gerar ainda mais sofrimento.
“Acompanhá-la nas consultas médicas, sempre que possível, de forma que possam ter subsídios para convencer a pessoa a buscar tratamento psicológico, pode ajudar a vencer os obstáculos”, recomenda a Dra. Olga Tessari.
Fonte: https://www.avovo.com.br