Minha mãe é mais jovem do que eu

Três mulheres mãe com histórias de vida bastante diferentes, mas um ponto em comum: elas permanecem jovens, mesmo com o passar dos anos.

Três mulheres mãe com histórias de vida bastante diferentes, mas um ponto em comum: elas permanecem jovens, mesmo com o passar dos anos. Não são elas que nos contam suas histórias, mas suas filhas e netas – em relatos que esbanjam admiração e orgulho.

As palavras “guerreira” ou “mulher forte” não são usadas por elas em vão. Elas descrevem perfeitamente Helena Fujiko Hoshi Zulli, Helena Keller e a Dona Benita. Sociáveis, incansáveis e cheias de energia, as três casaram, tiveram filhos e, separadas ou viúvas, encontraram tempo na maturidade para viver a vida que sempre sonharam.

‘Ela tem energia pra dar e vender’

É assim que Fabiana Hoshi Zulli, de 37 anos, descreve sua mãe, Helena Fujiko Hoshi Zulli. “Mesmo com a rotina puxada, ela sempre encontrou maneiras de se exercitar. Levava os filhos na escola cedo e ia caminhar no parque próximo ao trabalho antes de dar o horário de entrar na empresa”, conta. Quando o marido faleceu, há 32 anos, ela tinha três décadas de vida e dois filhos para criar: Fabiana, a mais velha, tinha então cinco anos, e seu irmão caçula apenas um.

Apesar da disposição, a mãe sempre teve que dar duro e, aos 62 anos, ainda trabalha como tecnóloga civil na multinacional finlandesa Pöyry, onde já completa 40 anos de casa. “Eu sou a maezinha do departamento, porque sou a mais velha e faço tudo com eles. Almoço junto todo dia e é muito divertida essa troca, porque eles me tratam de igual para igual“, conta Helena. Ficar no meio dos jovens é um dos motivos para continuar trabalhando “para não ficar gagá“, brinca, “e porque assim posso ter dinheiro para fazer tudo que gosto“.

Ela faz trilhas a pé e de bicicleta e conta que já experimentou praticar mountain bike, mas tem um pouco de medo. Joga tênis, é bolsista em uma escola de dança de salão, corre e ainda encontra tempo para fazer aulas de samba de gafieira duas vezes ao mês. Mesmo com a agenda cheia de atividades, Helena aproveita para viajar sozinha e não se intimida com o seu “inglês macarrônico”, como ela mesma define.

Helena não é apenas mãe, mas também avó: Eric, o filho de Fabiana, já tem 15 anos. O garoto passou da idade de ter apresentação da escola no fim de ano e hoje os espetáculos frequentados por Fabiana são os da escola de dança da mãe. “Levei minha vozinha e a gente foi assistir, prestigiá-la. Bicho, você pensa que é pouca coisa? Apresentação a la Dança dos Famosos, com passos aéreos, minha mãe voando junto com o grupo de dança. Foi muito legal“, conta rindo. “Me senti indo na apresentação de filho, sabe?“.

A mãe que foi viver além-mar

Aos 45 anos, Helena Keller deixou as três filhas no Brasil e foi morar em Portugal, sem muito planejamento prévio. Quem conta a história dela é a filha Thiessa Keller Carvalho, hoje com 24 anos. Thiessa é a filha “do meio”; Jaqueline, a mais velha, já completou 26 anos; enquanto a caçula Nicole, com 17, está prestes a atingir a maioridade.

“Minha mãe teve três filhas muito jovem e foi mãe solteira a vida toda. Só que o sonho dela sempre foi ir pra Portugal, porque ela tem uns primos que moram lá. Agora que eu e minhas irmãs estamos grandes, ela acabou indo“, diz.

A ideia inicial era passar cerca de 20 dias no país e, se gostasse, ficar por lá. O destino ajudou e Helena, antes fotógrafa, encontrou emprego rapidamente como cuidadora de uma senhora. Com um contrato de trabalho em mãos, foi ficando na terrinha e já está há três meses em Portugal, sem data para voltar.

Antes da mudança, Thiessa conta que saía bastante com a mãe e frequentavam juntas bares e baladas. “Sentimos muita falta dela, mas demos total apoio, pois mesmo que a saudade seja tanta, nós acreditamos que a felicidade dela vem em primeiro lugar“, conta.

A vó da Paula é mais jovem que ela

Benita de Oliveira Rocha, mais conhecida como Dona Bete, não tinha jeito: dançava forró, praticava natação e ainda “era cheia dos contatinhos“, como conta Paula Marcele Sousa Martins, sua neta, de 25 anos. Quando jovem, a vida da Benita era semelhante à da maioria das mulheres de seu tempo: casou, trabalhou e teve nove filhos, dois dos quais faleceram ainda criança… Aos 19 anos, saiu de Rio dos Pires, na Bahia, e foi parar em São Paulo, onde acabou morando no município de Ribeirão Pires, na região do Grande ABC.

Quando se separou do marido, percebeu que estava na hora de tomar as rédeas da própria vida e aproveitar cada segundo. “Aí foi quando ela passou a ir para os bailes, ela ia dançar forró, começou a fazer natação… Ela foi de fato viver toda aquela juventude que em outro momento ela não pode usufruir“, diz Paula. Para recuperar o tempo perdido, participava de aulas de forró no parque, entrava em campeonatos de natação e chegou até mesmo a ser eleita Miss Simpatia de Ribeirão Pires.

O título foi uma surpresa para a família. Paula conta que seus tios estavam passeando na praça da cidade quando viram o nome da dona Benita ser anunciado no palco. “A minha tia olhou e falou: ‘meu Deus é a minha mãe que está sendo Eleita Miss Simpatia da cidade‘”, conta.

Como ninguém é Miss por acaso, Dona Benita também era namoradeira, mas a experiência de vida lhe dizia que não podia perder tempo com qualquer boy lixo da terceira idade. Depois de conhecer um pretendente no baile, ele começou a querer podar sua liberdade e não queria mais que ela fosse para as festas que tanto amava. Resultado? “Ela botou esse homem pra correr em dois segundos“, brinca Paula.

A vovó que esbanjava juventude faleceu no ano passado, aos 77, mas Paula lembra que ela “ia ficar toda orgulhosa” ao saber que sua disposição virou matéria no Hypeness.

Fonte: https://www.hypeness.com.br

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