Dicas & Notícias

Fotógrafo retrata idosos para mostrar que ‘o sorriso não envelhece’

Envelhecer só é engraçado na música do Arnaldo Antunes. “A coisa mais moderna que existe nesta vida é envelhecer. A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer… Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer. Não quero morrer porque quero ver como será que deve ser envelhecer…” (assista ao vídeo no final deste post). Pode ser mais tranquilo também se o idoso foi saudável a vida inteira e tem boa situação financeira para manter certa estrutura – por mais simples que seja -, que garanta conforto até o fim da vida, seja em sua própria casa ou numa ‘casa de repouso‘. Ou ainda se ele tem uma família amorosa, que está disposta a abrir mão de uma certa tranquilidade para dedicar-lhe atenção e cuidados especiais, sempre que necessário.

Enfim… histórias ruins e boas não faltam nesse cenário, claro. E, pra mostrar que a alegria também pode fazer parte desse momento da vida, esteja onde estiver o idoso, que o jovem fotógrafo russo, Ilya Nodia, atendeu o convite de uma empresa de homecare para criar as imagens de seu projeto Smile Don’t Get Old ou, em tradução livre, O Sorriso Não Envelhece. Ele vive em Los Angeles, trabalha com publicidade e é reconhecido por seu estilo forte e dramático, daí a escolha.

Nodia costuma dizer que, em cada trabalho, quer sempre “criar mais do que uma foto porque gosto de desafios e sou atraído pelas pessoas e por suas histórias pessoais. Crio cenas dramáticas sempre inspiradas por experiências e sentimentos”. É só navegar um pouco por seu site para compreender isso.

Então, com a missão de valorizar a velhice de homens e mulheres, ele partiu em busca de seus modelos. Visitou casas de família – por indicação de amigos – e ‘casas de repouso’ da cidade de Leningrado.

Imaginou que encontraria muita dificuldade para fazer tal casting, mas se surpreendeu. Conheceu idosos de bem com a vida, que se revelaram muito animados em participar desse projeto e o resultado ficou lindo, como se pode ver na foto que escolhi para a abertura deste texto e no final dele.

Nos retratos de Nodia estão reveladas as rugas, a pele flácida e marcada pelo tempo, os cabelos brancos – e, em alguns casos, ralos ou inexistentes -, a evidente falta de tônus, a decadência física, mas também um largo sorriso – claro! -, com dentes amarelados ou substituídos por dentaduras, não importa.

Em seus retratos impecáveis estão escancarados a felicidade e o brilho nos olhos, traduzidos ainda pelo empenho destes homens e mulheres velhos ao se vestirem com entusiasmo e cuidado para a sessão fotográfica com Nodia.

Para posar para suas lentes, eles usaram algumas de suas melhores roupas e os mais bonitos acessórios que encontraram em seus guarda-roupas. Mas também se esbaldaram com tudo que a produção levou para o estúdio para poder compor o visual de cada um, a seu gosto.

Foi uma linda oportunidade para quebrar a rotina, também, e fazer coisas que há muito tempo não faziam. As mulheres passaram pó e batom. Algumas quiseram pentear os cabelos de um jeito diferente, mais arrumado. Os homens se dedicaram à barba, fosse para tira-la bem ou apara-la.

Assim, as fotos de Nodia são retratos de moda, de beleza, de comportamento. São registros da alma de pessoas que já viveram muito e têm a vida desenhada em seus corpos, em suas expressões. Tá na cara deles que valeu muito, até aqui.

Para nós, fica o exercício de olhar para essas imagens sem qualquer julgamento ou tristeza pela velhice inexorável. Muito pelo contrário. Bom demais poder ver idosos tão lindos e alegres.

Pensando bem, a música Envelhecer, de Arnaldo Antunes, poderia ser a trilha desta sessão fotográfica amorosa e divertida. Ouça (no final deste post) depois de se deliciar com os retratos de Nodia. Vai ser impossível não sorrir.

Fonte: http://conexaoplaneta.com.br

Aos 91 Anos, Japonês Cultiva Cerejeiras No Morro Do Chapéu, Em Nova Lima

Filho de imigrantes japoneses, aos 91 anos Haruji Miura considera que sua família foi muito feliz no Brasil. Em 1913, seus pais desembarcaram do navio Wakasa Maru, no Porto de Santos (SP), em busca de oportunidades e por aqui decidiram ficar. Em agradecimento ao país que abriu suas portas para milhares de conterrâneos, ele decidiu criar um projeto para presentear os brasileiros. Ao semear mudas da árvore que simboliza o Japão no Morro do Chapéu, condomínio de Nova Lima às margens da BR-040, no sentido Rio de Janeiro, Miura trouxe para Minas o Hanami, como é chamado no Japão a temporada de contemplação das flores. Todos os anos, turistas dos quatro cantos do mundo vão ao país asiático para assistir ao espetáculo da florada, que agora, durante 10 dias, deixa o inverno cor de rosa no Morro do Chapéu. “A minha intenção é levar a cerejeira para todos os estados brasileiros”, diz Miura.O criador do Hanami mineiro recebeu a reportagem de Encontro em seu jardim, onde as cerejeiras florescem. Falante, ele anda rapidamente, sobe e desce escadas e aponta a idade de cada uma das árvores que ele mesmo plantou, a partir de mudas que criou com sementes trazidas do Japão. Passar dos 90 anos não impediu que ele continuasse firme e entusiasmado em seu propósito. “Não costumo desistir das boas ideias e as dificuldades me fazem querer persistir”, diz, com um leve sotaque nipônico.Foi assim com as cerejeiras. Quando criou as primeiras mudas, ele passou a distribuí-las aos vizinhos. “Ao receber a doação, as pessoas diziam: ‘vou plantar, Miura’. Mas não plantavam”, lembra. Quando percebeu o risco que sua ideia corria, ele mesmo, com a ajuda de um jardineiro de sua confiança, fez covas de 4 x 4 metros e distribuiu as mudas no entorno do campo de golfe do condomínio. Não falou nada com ninguém e continuou plantando. Com paciência oriental, esperou em silêncio por cerca de seis anos. Um belo dia, quando os frequentadores do campo de golfe chegaram para mais uma partida, as árvores estavam floridas. “Levaram um susto, ficaram bobos”, conta Miura, com o sorriso aberto. A estratégia de impacto foi um recurso que ele usou de forma bem calculada. “Eu percebi que as pessoas só se interessariam pelo plantio depois de verem a florada.” Funcionou.A beleza das árvores fez Miura ganhar amigos e admiradores que, atraídos pela beleza da flor, transformaram sua casa quase em ponto turístico no Morro do Chapéu. Muitos passaram a pedir mudas e, de fato, a plantá-las. Ele já doou milhares a escolas, hospitais, prefeituras e pessoas comuns. Recebe a todos com bom humor e promove até um dia especial para a contemplação das árvores no auge da florada. A distribuição gratuita foi reduzida, porque é com o valor que apura nas vendas que ele consegue parte dos recursos para produzir novas mudas e seguir em frente.Plantar em todo o Brasil não é uma missão fácil, mas em 70% dos estados brasileiros já existe a cerejeira. Mas, Miura não só trouxe a árvore japonesa para cá. Ele também já levou o ipê amarelo para o Japão. A árvore símbolo do Brasil, nativa do cerrado, floresceu em Fukushima, cidade arrasada pelo tsunami. Lá, impressiona os japoneses com sua coloração impactante. “Sou japonês e sou brasileiro. As árvores mostram a amizade entre os dois países.” Miura explica que escolheu plantar a cerejeira por considerar que ela representava bem sua intenção. “Ela simboliza o Japão e tem uma das flores mais bonitas do mundo.” Antes de chegar à árvore cor de rosa, outras tonalidades, como a branca, foram testadas mas não se adaptaram por aqui. Para lidar com a produção de mudas na Miura Cerejeiras, o dono da ideia acorda cedo e não tem problema para curvar-se. “Não gosto de ficar parado.”E você, que está lendo esta reportagem, pode se perguntar de onde vem tanta disposição: ele conta que nunca parou de se movimentar e desconfia que sua saúde pode vir daí. “Não me lembro de ter ficado doente.” Aos 10 anos, o pequeno Haruji já dividia o tempo entre a escola japonesa, erguida por imigrantes em Lins (SP), onde nasceu, as brincadeiras da infância e o trabalho duro na lavoura de café. Adolescente, era entregador do grão. “Carregava os fardos por toda a cidade, a pé, com chuva ou sol.” O trabalho com a família rendeu até ele vir para Minas, onde se aposentou depois de 28 anos na Usiminas. Com essa biografia, Miura agora usufrui de seu tempo livre dedicando-se às árvores, que parecem dividir com ele a vitalidade. “Cerejeira é vida”, diz.

‘Vovó mochileira’ vende tudo e usa dinheiro para viajar sozinha: ‘Grande experiência’

Ana Laura de Queiroz, atualmente com 66 anos, passou um ano viajando por todos os estados do país

Mochileira depois dos 60, a aposentada Ana Laura de Queiroz vendeu todos os bens materiais que tinha para viajar pelo Brasil. A moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, percorreu sozinha, durante um ano, os 26 estados do país e o Distrito Federal, conhecendo 117 cidades.

Ana Laura viveu a infância em Araçatuba, no interior de São Paulo. Já adulta, ela morou em São Paulo, Bertioga e Santos. Em 2004, voltou a viver em Araçatuba, pois o marido estava doente e eles queriam ficar próximos da família.

“Depois que meu marido morreu, passei por momentos muito difíceis. Tínhamos uma empresa e falimos, perdi a minha casa e todos os bens materiais. Vim recomeçar em Santos, com a ajuda de um casal de amigos que me deu emprego.”

Aposentada afirma que viagem pelo Brasil foi libertadora e a fez voltar totalmente transformada — Foto: Arquivo pessoal Aposentada afirma que viagem pelo Brasil foi libertadora e a fez voltar totalmente transformada — Foto: Arquivo pessoal
Aposentada afirma que viagem pelo Brasil foi libertadora e a fez voltar totalmente transformada — Foto: Arquivo pessoal

Após passar alguns anos em Santos, Ana teve a oportunidade de trabalhar em São Paulo, período em que viveu em um quarto alugado e retomou sua vida financeira. “Em 2016, parei de trabalhar e decidi fazer a minha viagem. Vendi todos os bens materiais e fui viajar. Minha aposentadoria e a pensão que recebo pelo meu marido também ajudaram a me manter”.

Há exatos dois anos, ela embarcava para sua mais nova experiência. Ana Laura conta que, desde então, conheceu todos os estados do Brasil e o Distrito Federal. “Devo ter passado por quase 120 cidades. Criei muitos vínculos e conheci muitas pessoas. Nunca tinha viajado sozinha. Foi um grande desafio, mas libertador”, afirma.

Ana Laura teve a oportunidade de conhecer e entender diferentes culturas durante sua viagem — Foto: Arquivo pessoal Ana Laura teve a oportunidade de conhecer e entender diferentes culturas durante sua viagem — Foto: Arquivo pessoal
Ana Laura teve a oportunidade de conhecer e entender diferentes culturas durante sua viagem — Foto: Arquivo pessoal

Eternizando experiências
“Comecei a viagem com o Norte do país, em Belém. Depois fui conhecer Oiapoqui [município de Amapá], porque quando estava no ginásio à professora de Geografia mostrou o mapa do Brasil e falou que o ponto norte mais distante do país era lá. Quando olhei, pensei, um dia quero conhecer esse lugar”, diz.

Como mochileira, a aposentada levou apenas as roupas, dinheiro e documentos pessoais que possuía. De todas as pessoas que conheceu, ela relata que Dona Fátima, uma moradora de Fortaleza, foi uma das mais importantes. “Ela me acolheu como parte da família. Jamais esquecerei. As janelas da mente se abrem quando você está consigo mesma. Eu refleti e aprendi muito. Foi uma troca maravilhosa de experiências com as pessoas que conheci”, destaca.

Sozinha pelo Brasil, a aposentada resolveu conhecer todos os lugares que conseguisse durante um ano — Foto: Arquivo pessoal Sozinha pelo Brasil, a aposentada resolveu conhecer todos os lugares que conseguisse durante um ano — Foto: Arquivo pessoal
Sozinha pelo Brasil, a aposentada resolveu conhecer todos os lugares que conseguisse durante um ano — Foto: Arquivo pessoal

No retorno ao litoral, Ana Laura resolveu alugar uma casa em Bertioga e começou a se dedicar a escrever um livro sobre sua trajetória. Depois de finalizá-lo e entregá-lo na editora, ela retomou sua vida normalmente.

“O mais gratificante nesta viagem foi ter a liberdade de fazer o que eu queria, seguir o meu ritmo, o meu roteiro. Eu não assistia TV, apenas quis viver aquele momento e me permiti fazer isso. Foi uma grande experiência”, finaliza.

A origem da depressão pode estar nas mitocôndrias, sugere estudo

Mais de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem com depressão, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS). E a principal explicação para a origem dessa doença é um desequilíbrio bioquímico no cérebro que leva à diminuição de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar, caso da dopamina e da serotonina, por exemplo.

Mas um time de pesquisadores da Universidade de Victoria, no Canadá, suspeita que a causa da tristeza profunda seja, na verdade, o mau funcionamento das mitocôndrias, organelas responsáveis por fornecer energia para as células. A neurocientista Lisa Kalynchuk e sua equipe perceberam que quando as mitocôndrias não trabalham corretamente a produção de uma proteína chamada reelin é afetada. Isso é um problema porque ela tem como uma de suas principais funções reforçar a comunicação entre as células nervosas – processo pelo qual os tais neurotransmissores desempenham seu papel.

Não à toa, os experts canadenses notaram que baixos níveis de reelin estão associados a sintomas de depressão tanto em animais quanto em humanos. Em experimentos com ratos depressivos, Lisa viu que reforçar a dose dessa proteína contribuiu para deixar os bichinhos mais felizes. “Estamos tentando propor novas teorias neurobiológicas para as causas da depressão, o que poderia ser usado posteriormente para desenvolver tratamentos mais rápidos e eficazes”, diz a pesquisadora.

O próximo passo da equipe da Universidade de Victoria é entender quais outras células e sistemas estariam ligados à doença e como poderiam ajudar na descoberta de futuras terapias.

Fonte: https://super.abril.com.br

Caraguatatuba Inaugura Trilha Para Pessoas Com Deficiência e Idoso

Caraguatatuba inaugura trilha para pessoas com deficiência e idosos

Idosos e pessoas com deficiência (PcD) terão uma nova oportunidade de lazer acessível no município. Foi inaugurada nesta sexta-feira (30/08), a “Trilha das Palmeiras”, no Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar.

#PraCegoVer: Momento de inauguração da Trilha das Palmeiras, aonde uma atleta cadeirante vestindo azul, corta uma fita vermelha com um laço. Atrás, autoridades e visitantes observando. (Fotos: Luis Gava/PMC)

O caminho tem um percurso de um quilômetro ida e volta, em um tempo estimado de uma hora. A trilha leva os visitantes por um trecho de Mata Atlântica preservada e possibilita atividades de educação ambiental e observação de aves, terminando na “Prainha”, uma piscina natural que é outro atrativo do Núcleo.

O percurso foi realizado por idosos e atletas com deficiência (ACD) da equipe de esportes adaptados da Prefeitura de Caraguatatuba. Francisco Carlos Oliveira, de 58 anos, sofreu um acidente em 2011 e teve seus movimentos reduzidos.

#PraCegoVer: Deficientes visuais caminhando na trilha acessível. (Fotos: Luis Gava/PMC)

Emocionado, Francisco contou a sensação de poder realizar novamente uma trilha. “Foi uma emoção tremenda. Desde o acidente é muito difícil encontrar lugares acessíveis deste jeito. Me dá até um nó na garganta. Vou voltar diversas vezes aqui com minha família. Vai ser divertido”, relatou Oliveira.

A paratleta Débora Ferreira, de 47 anos, apresenta sequelas de lesão medular e ao chegar ao final da trilha relatou que foi como voltar ao tempo. “Eu passei a minha infância neste rio, vivia aqui. Após a lesão não consegui voltar. É muito emocionante saber que terei a oportunidade novamente. Muito obrigada!”, disse.

Participaram da cerimônia cerca de 100 pessoas. Entre eles, o prefeito de Caraguatatuba Aguilar Junior; secretários municipais; o gestor do Núcleo Caraguatatuba, Miguel Nema; o diretor e o gerente do Litoral Norte da Fundação Florestal, Diego Hernandes e Leandro Oliveira, respectivamente, além do representante da Pedreira Massaguaçu, Benedito Nilson Marioto, responsável pela construção da trilha por uma compensação ambiental.

O gestor do Núcleo Caraguatatuba, Miguel Nema, explicou como devem ser agendadas as visitas na Trilha das Palmeiras. “O agendamento é bem simples, podem ser realizadas pelo nosso site ou por telefone. Idosos e PcD são isentos das taxas. E assim, a pessoa escolhe se ela quer realizar a trilha com monitor ou não”, contou.

#PraCegoVer: Equipes de atletas com deficiência (ACDD) da Prefeitura e os funcionários do Parque Estadual. (Fotos: Luis Gava/PMC)

“Eu estou muito feliz com a inauguração. Me enche de emoção, fazer parte do projeto. É algo que vai ficar sempre na minha memória. Esta é a única trilha do Estado de São Paulo, onde pessoas em cadeiras de rodas poderão entrar na água da cachoeira com as cadeiras anfíbias”, finalizou.

Na solenidade de inauguração, o prefeito Aguilar Junior, expressou a felicidade de ter na cidade mais um ponto de acessibilidade. “Estou muito feliz com a iniciativa. É sempre bom ter pontos de acessibilidade na cidade, ainda mais uma trilha como está, onde muitos irão aproveitar a fauna e flora da Mata Atlântica. Espero que muitos aproveitem esta trilha. Parabéns a todos”, contou o Prefeito.

Crescem os casos de suicídio entre idosos no Brasil

Entre 1980 e 2012, o aumento foi de 215,7%. Para especialistas, acúmulo de perdas e isolamento social estão entre as motivações para o ato extremo

Sem forças
Paloma Oliveto
O suicídio entre idosos é como aquele segredo de família que todos sabem existir, mas sobre o qual ninguém ousa falar. Tema tabu em qualquer faixa etária, a morte autoafligida soa paradoxal na terceira idade, quando tantas agruras da vida já foram superadas. As estatísticas, porém, alertam que esse silêncio precisa ser quebrado. Em todo o mundo, as maiores taxas de tentativas e atos consumados estão nas faixas etárias avançadas. No Brasil, não é diferente.

Série ‘Esquecida mente’. Clique na imagem e vá para o índice.

Os dados nacionais ainda são escassos, mas evidenciam que o país acompanha a tendência global. O Mapa da Violência 2014, organizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, aponta que, acima dos 60 anos, há oito suicídios por 100 mil habitantes, taxa maior que a registrada entre outros grupos etários. Entre 1980 e 2012 — período avaliado no estudo —, houve crescimento de 215,7% no número de casos entre os idosos. Da mesma forma que ocorre com os mais jovens, os homens são as principais vítimas. Aos 75 anos, de acordo com o Ministério da Saúde, a razão é de oito a 12 suicídios masculinos por um feminino.

Outro retrato do tema foi traçado por pesquisadores de sete instituições acadêmicas que, em 2012, publicaram uma edição especial da revista Ciência & Saúde Coletiva com dados quantitativos e qualitativos, coordenados pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Enasp/Fiocruz). Um dos trabalhos utilizou o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, para calcular os registros de suicídio de pessoas com mais de 60 anos entre 1996 e 2007. Nesse período, os pesquisadores identificaram 91.009 mortes autoprovocadas, sendo que 14,2% ocorreram entre idosos.

“Existe essa impressão que o idoso não se mata porque está no fim da vida, porque passou pela adolescência, estabeleceu uma família, já enfrentou o pior da vida. Não é bem assim”, diz a psicóloga Denise Machado Duran Gutierrez, professora da Universidade Federal do Amazonas e autora de três artigos publicados no especial da Ciência & Saúde Coletiva. “Na terceira idade, especialmente quando há doença degenerativa, com perda de capacidade funcional e dor crônica, e quando há perda de laços referenciais e de uma série de suportes, o idoso fica muito vulnerável”, destaca.

Decisão racional
De acordo com a especialista, também é preciso levar em conta que as tentativas de suicídio na terceira idade costumam ser definitivas. “Diferentemente de outras etapas da vida, que se pode pensar no suicídio por impulso, por uma dor de amor, um arroubo de fúria, uma tristeza, o idoso não vive esse tipo de situação. Tem um período de tomada racional de decisão. Em média, o jovem faz 20 tentativas para um efeito, o suicídio. No idoso, são quatro tentativas. Muitas vezes, não há tentativa, é única. Eles usam métodos definitivos.”

Por trás do desejo de antecipar o fim da vida, estão as perdas. Perda de saúde, autonomia, produtividade, papéis sociais. Perda de cônjuges, amigos, cuidadores e de outras pessoas nas quais eles depositam confiança. “A depressão tem um papel muito importante, assim como as questões de aspectos sociais da terceira idade, como a de estar passando por mais perdas, estar passando pela aposentadoria e não se sentir mais útil, de os filhos terem saído de casa, de ele ter mais dificuldade de se encaixar em uma sociedade como a nossa, que não está ainda muito bem preparada para acolher os idosos”, destaca a psiquiatra Helena Moura, especialista em psicogeriatria pela Universidade de São Paulo (USP).

O velho não só sofre processo de migração, de deslocamento. Mas, também, muitas vezes na própria casa, perde o quarto principal, vai pra um quartinho de fundo. Os filhos, quando o levam ao médico, falam por ele, o tratam como criança, desautorizam no médico. O idoso vai perdendo voz, espaço”

A família tem uma responsabilidade enorme nesse processo, afirma Denise Machado Duran Gutierrez. “O velho não só sofre processo de migração, de deslocamento. Mas, também, muitas vezes na própria casa, perde o quarto principal, vai pra um quartinho de fundo. Os filhos, quando o levam ao médico, falam por ele, o tratam como criança, desautorizam no médico. O idoso vai perdendo voz, espaço”, acusa a especialista. Em uma pesquisa sobre 51 casos de suicídio cometidos por pessoas com mais de 60 anos, a professora da Universidade Federal do Amazonas identificou que o fator de maior frequência por trás do ato foi o isolamento social: ao investigar com familiares das vítimas, constatou que esse foi o motivo de 32,1% dos homens e 31,7% das mulheres.

O estudo também mostrou que, no caso dos idosos do sexo masculino, doenças e perdas que levam a invalidez, interrupção do trabalho ou limitação da capacidade funcional vêm em segundo lugar, seguidas por ideações suicidas (pensamentos constantes sobre esse ato), abusos físicos e verbais, morte/doença de parentes e sobrecarga financeira. Já entre as mulheres, as ideações e tentativas prévias, além de casos suicídios na família, ficaram em segundo lugar. Doenças e deficiências incapacitantes, impacto de mortes ou doenças na família, abuso e violências de gênero e endividamento se seguiram a esses motivos. Por outro lado, apoio de parentes e de amigos, incluindo os elos afetivos e os encontros de sociabilidade e lazer, foram destacados por familiares como possíveis fatores que poderiam evitar o suicídio dos idosos.

Os casos reconstituídos na pesquisa da qual Gutierrez fez parte mostram o quanto uma vida de fatos traumáticos — e sem assistência — pode influenciar no suicídio de idosos. Como a história de uma mulher de 82 anos que sofreu violência doméstica, viu a filha ficar paraplégica depois de baleada pelo marido, perdeu um filho afogado, cuidava do outro filho, que tinha transtorno mental, mas jamais externava as dores da alma. A irmã relatou que ela “sempre sorria, nunca se deixava abater”. Por trás da aparente serenidade, contudo, havia um desejo de colocar um fim nas provações. Em uma idade que passa da expectativa de vida média das mulheres brasileiras, que é de 79,1 anos, ela ateou fogo no corpo. Os médicos que a atenderam ficaram impressionados: morreu como viveu, em silêncio absoluto.

Assistência falha
Apesar da gravidade e da dimensão do problema, especialistas criticam a falta de recursos e de capacitação profissional. O enfermeiro Maycon Rogério Seleghim, pesquisador do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, lamenta a inexistência de uma base nacional de dados sobre frequência e distribuição das tentativas de suicídio, que, na opinião dele, poderiam ajudar a conscientizar gestores e trabalhadores do setor de saúde sobre a necessidade de se debruçar mais sobre o tema.

A caracterização das tentativas deveria ser uma das primeiras ações a serem realizadas pelos serviços de saúde, sobretudo por aqueles com maior proximidade com essa clientela, como as unidades básicas de saúde”

Seleghim é autor do artigo Caracterização das tentativas de suicídio entre idosos, publicado na revista Cogitare Enfermagem. No trabalho, ele avaliou fichas de ocorrência de 66 tentativas registradas de 2004 a 2010, em um Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná. Ao identificar os métodos mais utilizados por idosos, o especialista defende que é possível investir em estratégias preventivas. “A caracterização das tentativas deveria ser uma das primeiras ações a serem realizadas pelos serviços de saúde, sobretudo por aqueles com maior proximidade com essa clientela, como as unidades básicas de saúde”, afirma.

Uma preocupação do enfermeiro psiquiátrico é com o amplo acesso de pessoas com mais de 60 anos a medicamentos controlados, utilizados por 45,5% dos indivíduos que tentaram cometer o ato. “Uma situação que tem colaborado negativamente com essa questão é a prescrição inadvertida dos psicotrópicos por médicos clínicos gerais ou de família. Muitos dos medicamentos pertencentes a essa classe farmacológica são receitados por esses profissionais aos idosos sem uma avaliação neuropsiquiátrica mais específica ou abrangente, na maioria das vezes, sem considerar estratégias não farmacológicas de tratamento”, critica.

…..

Entrevista
Com Raimunda Magalhães da Silva
A enfermeira Raimunda Magalhães da Silva, professora de saúde coletiva da Universidade de Fortaleza, integrou um estudo em que foram entrevistados idosos de todas as regiões brasileiras que haviam tentado ou pensado em suicídio. As perdas e os conflitos familiares estiveram presentes em todas as falas, descritas no artigo Influência dos problemas e conflitos familiares nas ideações e tentativas de suicídio de pessoas idosas. “Foi um acúmulo. Primeiro, perdi meu marido, depois, foi a perda de um cunhado e, em um ano, perdi meus três filhos, isso me abalou muito. Eu fiquei desgostosa da vida, a gente pensa que daí em diante tudo vai dar errado, vai faltando forças para viver”, contou uma mulher de 71 anos, moradora do Recife. “A minha família tem condições, mas não ajuda nem me visita. Não tenho com quem compartilhar nada, vou ficar conversando com quem? Aonde? Eu nunca amei e nunca fui amado de verdade”, relatou um homem de 64 anos, de Fortaleza. Leia a entrevista que Raimunda concedeu ao Correio.

A literatura científica, citada em seu artigo, diz que dois terços ou mais de idosos procuraram atendimento nos serviços de atenção primária e sinalizaram para familiares suas intenções 30 dias antes do suicídio. Por que esses sinais são ignorados?

Para os profissionais, ainda falta capacitação para apreender as nuances existentes nas colocações sutis e no silêncio que o idoso faz durante a consulta”

Para os profissionais, ainda falta capacitação para apreender as nuances existentes nas colocações sutis e ou no silêncio que o idoso faz durante a consulta. Para a família, esses sinais são ignorados por não acreditarem que o idoso seja capaz de praticar o suicídio, pela confiança de que estão dando a atenção que o idoso requer, pelo pouco tempo de convivência no domicílio ou na vida social, pelo pouco tempo de conversa com o idoso, por não criarem condições para ouvir as queixas, as lamentações e os questionamentos da pessoa, e por acharem que o idoso não deve participar de assuntos adversos da família e, sim, poupá-lo de preocupações. O idoso com habilidade física, mental e social (embora restrita) deve ser considerado pela família como membro que tem condições de opinar sobre assuntos inerentes à família e a si mesmo.

Os idosos ouvidos na pesquisa já haviam pensado ou tentado suicídio em outros períodos da vida ou foi algo que surgiu apenas com o avançar da idade?

Muitos haviam pensado no suicídio desde a adolescência. Temos o exemplo de uma senhora que foi espancada e abusada sexualmente pelo padrasto desde criança, conseguiu fugir de casa para morar na rua e tentou várias vezes o suicídio. Muitos haviam tentado mais de uma vez, por ter uma história de vida marcada por violência, negligência, abusos sexuais, agressões físicas e psicológicas e sofrimentos existenciais durante a vida. Esses conflitos, na sua grande maioria, eram provocados pelos familiares e pela convivência intergeracional.

A senhora diz que a não aceitação das perdas é um fator de risco de suicídio na velhice. Por que elas parecem ser tão mais sentidas por idosos do que para o restante da população?

O envelhecimento apresenta fatores distintos, como dependência de companheiro ou de familiar, diminuição de agilidade nas atividades funcionais; às vezes, ausência de mobilidade e, no caso de portadores de doenças incapacitantes ou não, a ajuda constante de outra pessoa. Geralmente, essa outra pessoa é o esposo ou a esposa ou uma pessoa muito próxima da família. Na ausência dessa pessoa por morte, o idoso se sente desamparado, angustiado, ansioso e sem condições de assumir suas necessidades. O idoso convive com conflito de insegurança, sentimentos de perda irreparável e indecisões quanto à continuidade da vida. Esses fatores o levam a sentir profundamente a perda, principalmente quando a pessoa que morre está muito próxima de si. Portanto, não se pode afirmar que existe uma causa para o sentimento de perda pelo idoso, mas um complexo de valores associados que devem ser ponderados e reparados por todos e pela sociedade. (PO)

Marido de 91 anos lê diário para sua mulher com amnésia para manter vivo o amor

Parece que o amor tem o poder de revelar um novo lado de nós mesmos, um lado que nem sabíamos que poderia existir, e que nos torna mais felizes do que pensávamos ser possível!
O amor é realmente um sentimento incrível. Ele nos transforma dia após dia, cria mais empatia, compreensão, cuidado e carinho dentro de nós, além de nos transformar a cada dia para nos tornarmos nossa melhor versão, tanto para nós mesmos, quanto para a pessoa que temos ao nosso lado.

Podemos nos surpreender com o quanto melhoramos quando começamos a amar alguém e viver um relacionamento positivo com essa pessoa. Parece que o amor tem o poder de revelar um novo lado de nós mesmos, um lado que nem sabíamos que poderia existir, e que nos torna mais felizes do que pensávamos ser possível!

Quando amamos de verdade, deixarmos ir todo o egoísmo e nos mostramos sempre presentes para a outra pessoa, dispostos a ajudá-la em tudo o que for necessário. Nos momentos bons e ruins, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

A história que contamos hoje fala sobre um casal muito especial, e um marido que prova com suas atitudes que o amor verdadeiro nunca descansa.
Jack Potter é um senhor inglês de 91 anos que, mesmo com todas as dificuldades trazidas pela idade, se esforça para que o amor que o une à sua mulher, Phyllis, há mais de 70 anos, nunca suma da mente e do coração da amada.

Mulheres que “falam demais”, costumam viver mais do que a média, afirma estudo

De acordo com o estudo da Escola de Medicina Albert Einstein da Universidade de Yeshiva, de Nova York, sua atitude pode ser mais decisiva do que seus genes no que diz respeito à sua expectativa de vida. Isso porque algumas características específicas suas, pode lhe garantir maiores chances de viver mais.

A explicação se dá pelo fato de que as pessoas que falam muito, geralmente são extrovertidas e otimistas, e isso confere a elas, segundo os pesquisadores, uma melhor qualidade de vida, porque seu corpo fica mais calmo e tolera melhor os altos níveis de estresse. Pessoas otimistas e extrovertidas dominam melhor as maneiras de “classificar” seus sentimentos em palavras para compartilhá-los.

Em outro estudo, o psiquiatra e professor da Universidade de Nova York Luis Rojas Marcos explicou em seu livro “Nós somos o que falamos” que o mínimo para garantir mais anos de vida é de 15 mil palavras ditas por dia. O psiquiatra explica que falar é saudável para a saúde mental e que é uma atividade que não pode ser feita apenas com pessoas, mas também com plantas e animais.

Tudo isso soma-se ao fato de que as mulheres desenvolvem sua capacidade lingüística muito mais do que os homens devido à proteína da linguagem, FOXP2, que seu corpo é produzido em maior quantidade.

Para o estudo, os cientistas utilizaram 250 pessoas com idades entre 95 e 100 anos, nas quais estudaram sua personalidade e sua carga genética. Depois de obter os resultados, determinou-se que, independentemente dos genes, existem fatores comuns que são positivos, como compartilhar seus sentimentos com outras pessoas.

Então se você quer viver por mais de 90 anos, uma boa dieta não é suficiente. Você precisa aprender a expressar seus sentimentos e “tagarelar” o máximo que puder.